A Secretaria de Segurança Pública divulgou esta semana números parciais (e convenientes para o governo) sobre a violência e a criminalidade no Estado, na tentativa de convencer a população de que a situação está melhorando. A divulgação mostra redução de homicídios dolosos e de furtos na relação com o mesmo período do ano passado, mas omite informações sobre outros delitos como latrocínio e roubo de veículos. Ficou a impressão de que os dados oficiais obedecem à estratégia de um antigo ministro da Fazenda, que perdeu o cargo depois de deixar escapar a célebre frase: "O que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde".
É um equívoco agir assim, especialmente no momento em que o governo, em meio a uma evidente crise na segurança, ensaia ações concretas para combater a criminalidade. São visíveis - e dignas de reconhecimento - operações como a intensificação de barreiras policiais nas ruas da Capital e decisões administrativas como o pagamento de horas extras para policiais durante o Carnaval. Quando o governo responde com ações concretas, a população reconhece.
Mas números incompletos só suscitam mais dúvidas. Enquanto esses números contrastarem com a realidade dos homicídios, assaltos e arrombamentos, não haverá contabilidade criativa que atenue a sensação de insegurança dos gaúchos. O que as pessoas querem ver é policiamento ostensivo inibindo os criminosos, retirada de circulação dos delinquentes e garantias de que todos podem circular livremente sem correr risco de vida.
Se isso ocorrer, o balanço estatístico certamente será favorável - e confiável.