Apesar das cicatrizes ainda visíveis pela cidade, e de um sentimento de convalescência de nossa comunidade, a prefeitura de Porto Alegre não pensou duas vezes em manter a programação do Carnaval 2016. Não se trata aqui de valorizar o chamado "circo" como válvula de escape dos problemas e dificuldades da reconstrução dos espaços e serviços que o temporal destruiu. Trata-se, sim, de olhar para um futuro a ser construído.
O Carnaval, hoje, não é apenas uma data no calendário, nem uma oportunidade de fazer feriadão, ou ainda uma chance de trocar o trabalho pela festa. O Carnaval gera empregos, promove a interação cultural que viceja nos arredores das escolas de samba, integra famílias que se reúnem em torno dos bordados, dos adereços e esplendores que transbordam os limites da avenida.
A festa carnavalesca deste ano traz para a avenida um enredo de mudança. Instigadas pela prefeitura, as próprias escolas de samba da cidade tomaram a iniciativa de mudar o Carnaval. A proposta, encaminhada depois de muita discussão participativa, torna a festa mais compacta e, por consequência, mais econômica para as agremiações e para o público.
O resultado virá em três anos, quando se consolida uma nova forma de fazer Carnaval, com grupos menores e homogêneos, o que torna a disputa mais justa e oferece ao público que sempre lota as dependências do Complexo Cultural do Porto Seco um espetáculo qualificado, que almeja maior visibilidade, fortalecimento do turismo, valorização e profissionalização da cadeia produtiva do Carnaval de Porto Alegre. Aliás, precisamos falar sobre a cadeia produtiva do Carnaval:
A Secretaria da Cultural assinou um convênio com o Ministério da Cultura para fomentar e desenvolver de maneira organizada a cadeia produtiva do Carnaval. No roteiro a ser percorrido, o Diário Oficial de Porto Alegre trouxe nesta quarta-feira, 3 de fevereiro, a abertura da licitação. Ou seja, não se trata mais de um projeto. Já estão depositados R$ 3,3 milhões que irão financiar a compra de material e um conjunto de oficinas dirigidas para bordadeiras, costureiras, serralheiros, marceneiros, enfim, homens e mulheres que sabem que, apesar do largo sorriso dos desfilantes na avenida, o Carnaval não pode mais ser tratado como uma simples brincadeira.