Há um novo discurso de esquerda alternativo proposto pela revista New Left Review que superou as decepções do humanismo marxista, do althusserianismo, do maoísmo, do trotskismo e do socialismo real. A Nova Esquerda desconfia do fetichismo do Partido, critica o economicismo marxista clássico e recusa a concepção ingênua da ideologia. Esta Nova Esquerda mostra a precariedade das políticas econômicas de direita (Perry Anderson), a ascensão da subjetividade no horizonte do capital (Buyng Chul Han), as novas contradições do capital monopolista internacional (Slavoj Zizek) e os efeitos desagregadores do consumo em escala planetária (Robert Kurz). O que a Nova Esquerda faz é mostrar as complexas estratégias de desconstrução dos valores humanos sob o capital e lhe opor sua estratégia discursiva de resistência.
O engajamento de esquerda persiste através daqueles que tomam posição e buscam alternativas. A resistência é contra o capital e suas formas de opressão, inclusive através do Estado. Ao contrário da direita, o problema da esquerda atual é justamente se acreditar que está "fora do sistema" quando está ocupando o limite estabelecido por ele. Por isto que a esquerda tornou-se apenas uma pseudo-oposição. É preciso mais, é preciso desestabilizar o sistema e mostrar seu caráter insensato - não é exatamente esta a tônica que está por detrás do seriado humorístico "Tá no Ar", mostrar a falsidade do sistema capitalista? Por esta razão, o caminho escolhido pela nova teoria feminista (Judith Butler), pela crítica da cultura (Zygmunt Bauman) e pela nova teoria política (Ernest Laclau) representa a verdadeira e fiel reflexão de esquerda sobre as questões de Estado, capital e política porque colocam o mercado no banco dos réus.
A verdade é que tanto direita quanto esquerda produziram cenas de barbárie na história. Ao contrário do que defende a direita, as experiências de esquerda em nosso país tiveram grande valor: ensinaram ao povo a lutar por seus direitos em sua defesa da cidadania e criaram programas sociais de amplo alcance. A esquerda não é imaculada, mas a utopia da redenção do homem não virá do Estado mínimo ou da defesa do mercado, ao contrário. O homem liberado é o homem defendido pelo capital? É claro que não! Dos Ludditas aos movimentos de 2013, ser de esquerda é estar inteiro em cada instante, é querer a palavra contra o poder e contra o princípio de realidade. Isto é ser de esquerda.