Lula não é, definitivamente, uma pessoa como as demais. É objeto de parte do PT e de seus "companheiros" de uma reverência de tipo religioso. É como se ele se situasse acima ou fora da lei. Comportamento assaz estranho de parte de um partido que se apresenta como dos "trabalhadores" e, antanho, defendia a "ética na política". Deve ser a "ética" dos companheiros privilegiados ou "diferentes".
A suspensão do comparecimento do ex-presidente e sua mulher, pelo Conselho Nacional do Ministério Público, a um fórum de São Paulo para prestar esclarecimentos sobre o seu patrimônio é, deveras, interessante. O que causa espécie é o fato de esta ação ter sido impetrada pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP), como se fosse ele mesmo o investigado. Tal ato mostra bem a confusão entre o privado e o partidário no caso da figura de Lula.
Note-se a diferença entre o tratamento dado a José Dirceu e o dado a Lula. A partir do momento em que a fortuna pessoal do ex-ministro-chefe da Casa Civil tornou-se pública, ele foi abandonado pelo PT. O discurso oficial é o de que o partido não defenderia seus assuntos privados. A corrupção partidária é legítima, embora seja criminosa, enquanto a privada seria condenável.
Ora, Lula é um homem tão ou mais rico que José Dirceu, seus filhos fazem fortunas em "negócios" mal esclarecidos, suas posses em Atibaia e em Guarujá são escancaradas e, no entanto, ele continua sendo tratado como "militante". Até suas relações para lá de estreitas com grandes empreiteiras são "esquecidas". O "trabalhador-capitalista", "burguês", é alçado ao pedestal religioso da santidade.
As declarações de próceres petistas são bisonhas, próprias de pessoas que não sabem o que dizer, porém devem prestar obediência ao seu Líder Máximo. Se fossem pessoas íntegras, deveriam ter vergonha do que dizem. A presidente o considera um "injustiçado". Por que deve prestar contas à Justiça? É como se a lei a ele não se aplicasse! Lula não seria um igual? O ministro-chefe da Casa Civil o considera como sendo objeto de uma "caçada"? Como assim? Por que deve esclarecer a origem de seu patrimônio?
Por que a imprensa e a mídia em geral não deveriam nada noticiar a seu respeito, como se o que macula sua santidade devesse ser excluído de qualquer noticiário? A liberdade de imprensa, para quem sustenta tal posição, só valeria para notícias "santas" a respeito do Líder Máximo.
Apregoam apenas reverência e obediência religiosa!
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