Há uma característica comum à maioria dos grandes fotógrafos: eles não gostam de estar à frente das câmeras. Ficam naquela de não saber o que fazer com as mãos quando não estão segurando o próprio equipamento. A situação da brasileira Marilene Bittencourt e do português Fernando Ricardo é ainda mais peculiar, já que é muito raro conseguir uma imagem em que os dois estejam juntos. Mas o sorriso duplo acima tem um bom motivo: a abertura da mostra Retratos, com temática indígena, no dia 18 de fevereiro, nA Pequena Galeria, em Lisboa.
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O convite veio de Luis Pereira, diretor de arte e um dos sócios do museu português, que se encantou ao visitar a individual de Ricardo no Margs, em Porto Alegre. Há 30 anos trabalhando com arte e design, mas eterna apaixonada por fotografia - ainda mais quando passou a se relacionar com o "gajo" e se encorajou a se especializar no que antes era hobby -, Marilene ficou surpresa e honrada com o convite estendido:
- Foi emocionante para mim. O projeto Retratos é um registro superatual dos nossos índios, realizado em outubro de 2015, em Palmas, Tocantins, no 1º Encontro Mundial dos Povos Indígenas. Aproveitamos a oportunidade para o convívio com muitas tribos de uma vez só. A ideia é mostrarmos que o estilo de vida atual ainda preserva na raiz a essência destes povos que seguem muito fortes nos traços, rituais e costumes, e que, a duras penas, ainda persistem dentro de uma sociedade tão miscigenada.
Apesar de o casal ter viajado junto, Ricardo garante que a jornada é separada. Enquanto ele trabalha especificamente com fotos em preto e branco, ela usa as cores. No final do processo, sentam-se e selecionam o material em conjunto. Ele explica:
- Fotografar é um ato isolado, mesmo quando estamos em querida companhia, como é o nosso caso. Mas, quando no mesmo local, fotografando as mesmas pessoas e eventos, cada um dos fotógrafos tem a sua visão. Permito-me afirmar que Marilene tem uma visão colorida e artística, enquanto a minha é fotojornalística, com notícia nas imagens.
Na ponte aérea, a dupla tem dividido o ano em dois para passar seis meses no Brasil e o resto do tempo em Portugal.
Assim, todo mundo fica feliz. Os planos acabam se segmentando também conforme os países. Para 2016, a ideia é que a mostra Retratos seja realizada também em Porto Alegre e que uma retrospectiva do trabalho de Ricardo tome forma no Palácio da Galeria, em Tavira, no sul de Portugal.
Confira uma amostra da exposição