Faltaram diálogo e transparência neste episódio do reajuste das tarifas do transporte público da Capital, que agora virou litígio judicial. Ao conceder liminar suspendendo o aumento, o Judiciário está dizendo que o aumento superou a inflação e que não foi observada a obrigatória consulta prévia ao Conselho Municipal de Transporte Urbano (Comtu). Já as empresas concessionárias do serviço alegam que investiram pesado na renovação da frota e que a majoração é indispensável para compensar o investimento.
Em torno do impasse, gravitam interesses políticos e movimentos populares que parecem mais interessados em ver o circo pegar fogo do que propriamente em buscar soluções para o problema. No lado mais frágil dessa disputa, estão os usuários de ônibus e lotações, que dependem do transporte coletivo para se locomoverem pela cidade e vivem a incerteza dos valores, das manifestações e das deficiências do serviço num momento em que a inflação e o desemprego pressionam a todos.
Posições extremadas só agravam a questão. Agora mesmo, enquanto a Associação de Transportes de Passageiros ameaça cobrar da prefeitura os supostos prejuízos pela redução do preço acordado, movimentos organizados e partidos políticos preferem a demagogia das manifestações ao diálogo franco e construtivo. Ora, cobrar da prefeitura é cobrar da população. Da mesma forma, pregar a gratuidade ou a encampação pública do serviço é, no mínimo, ingenuidade e desconhecimento do passado, quando tentativas semelhantes resultaram desastradas.
Conflitos se resolvem com diálogo exaustivo, clareza e transigência.