A condenação do ex-governador mineiro e ex-presidente do PSDB Eduardo Azeredo, ainda que dependa da confirmação nas instâncias superiores, é mais uma investida contra a impunidade e contra o descalabro dos financiamentos de campanhas políticas. Além disso, restaura um certo equilíbrio na relação da Justiça com as principais forças políticas do país, calando o discurso de perseguição de setores petistas. Ainda assim, o que chama a atenção e não pode ser desconsiderado é a demora para a decisão sobre o caso. É bem possível que, se tivessem sido enfrentado no devido tempo, os fatos não teriam dado margem para repetições em série de corrupção política.
A própria juíza da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, em seu despacho, chama a atenção para o fato de que muitos crimes políticos, incluindo o mensalão do PT, também montado a partir do esquema do empresário Marcos Valério, poderiam ser evitados se tivesse havido punição na época. É inadmissível que uma denúncia feita em 2007 só tenha resultado agora na primeira condenação de político envolvido. Nesse meio tempo, várias prescreveram e não é improvável que a pena imposta agora jamais venha a ser cumprida, pela ampla possibilidade de recursos.
O país avançou no âmbito da investigação, conseguindo finalmente transmitir aos brasileiros uma perspectiva favorável de que é possível enfrentar e reduzir a corrupção, mesmo quando estão envolvidas figuras influentes. O mensalão tucano, porém, deixa evidente a necessidade de esse esforço se estender também ao âmbito do Judiciário, que precisa se estruturar para se mostrar mais ágil.