Compreende-se a dificuldade do governo do Estado para cumprir seus compromissos com os servidores, mas a desorganização e o mau planejamento do 13ºsalário - particularmente no que diz respeito aos empréstimos do Banrisul para quem não puder aguardar até junho do próximo ano - são injustificáveis. O mínimo que se poderia esperar era um pouco mais de detalhamento na lei aprovada pela Assembleia, além de uma simplificação do processo, de modo que os funcionários públicos pudessem receber o que têm direito sem precisar se submeter a tantos transtornos e mesmo humilhações.
É óbvio que uma coisa é a dramática situação financeira do setor público. Outra, o fato de a alternativa à falta de recursos para o pagamento do salário adicional no prazo legal ter sido a de empréstimo bancário. Instituições financeiras não têm como atuar como entidades benemerentes, pois se submetem a imposições rígidas por parte do Banco Central para a concessão de empréstimos. Ainda assim, não é aceitável que justamente os servidores mais necessitados precisem se expor a tantas pressões para assegurar um direito.
As dificuldades enfrentadas pelo funcionalismo gaúcho são um alerta cruel do que ocorre quando um poder público passa a operar suas finanças de forma irrealista, até que os desequilíbrios entre receitas e despesas se mostrem incontornáveis. O Estado só evitará a repetição desse tipo de transtorno para seus servidores se contar com a compreensão necessária para voltar a operar com equilíbrio nas contas, comprometendo-se a partir daí a gastar só o que arrecada.