ATENÇÃO! Desliguem os celulares. Já mandamos tantas mensagens que podemos sair do mundo virtual sem medo de perder a vida. Aquelas montanhas de papel colorido ou embalagens de plástico e papelão não podem ser as únicas sobras do Natal. Outras ficaram. Ou, se não existiram, estão na hora de nascer e de permanecer como nossas.
O ano não terminou. Ainda há tempo de pensar no que somos e para onde vamos, no que fizemos ou não fizemos, no que amamos ou não amamos. E, assim, refletir sobre as coisas vitais que regem a vida ou são a vida em si.
Se sairmos do cotidiano mesquinho da política (saturados de Dilma e Sartori, de Lula, Temer, Aécio, Cunha e similares) ou se nos esquivarmos do apelo fútil de comprar e comprar (que ata nossas vidas), talvez desapareça a ansiedade e vejamos a realidade.
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A vida no planeta está em perigo! - adverte a Ciência. A Conferência sobre o Clima, há pouco em Paris, revelou a catástrofe que nós mesmos provocamos, mas fazemos de conta que não é conosco.
Em poucos anos, mais cedo do que se calcula, desaparecerão até as renas que puxam o trenó do Papai Noel... O gelo do Ártico se derrete em ritmo veloz.
No hemisfério Sul, a neve se desgruda das montanhas da Antártida. Aqui, as quatro estações enlouqueceram - inverno, primavera, verão e outono se confundem ou se sobrepõem. A agricultura já não se guia pelo clima, e, para produzir mais, se aferra aos criminosos agrotóxicos ou ao perigo dos transgênicos.
Se a temperatura do planeta subir 2 graus até 2040, não só ilhas-nações desaparecerão do Oceano Pacífico: nem a Ciência sabe do horror que cairá sobre a Terra. O efeito acumulado gera situações novas, impossíveis de prever.
São as "mudanças climáticas" - exclamam, como se bastasse o diagnóstico para sanar a doença.
As "mudanças climáticas" não são obra da natureza. São criação humana. São os filhos que geramos e parimos no ventre ansioso da falsa visão de progresso, em que o consumo transformou-se em novo deus de uma religião fanática.
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A Conferência Internacional sobre o Clima, em Paris, porém, fez do problema uma estatística. Armou projeções, como se a burocracia guiasse as distorções que o consumismo provoca na natureza, movendo-as para um lado ou outro. Resumiram tudo a "compromissos" em que os governos só se comprometeram a comprometer-se a evitar a hecatombe geral...
Não abordaram a causa profunda da doença - o consumismo desenfreado e frívolo, em que destruímos em minutos, horas ou dias aquilo que a natureza nos deu em milhões de anos. O exemplo gritante é a utilização perversa de plástico em tudo. Em milhões de anos a natureza transformou algas em petróleo, mas em minutos jogamos fora os sacos plásticos do supermercado, feitos a partir do petróleo...
A obra da Criação vestiu o planeta de vida. Mas, a cada dia e em cada ato, destruímos a vida que nos foi dada. Dos minérios às florestas, vemos os recursos naturais apenas como fonte de lucro. Substituímos a convivência pela cobiça. Poluímos riachos e rios com agrotóxicos e outras pestilências, como se a água - fonte suprema da vida - fosse um estorvo. E, logo, abrimos torneiras e lavamos carros com água potável!
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Nenhum de nós pensa em abrir mão daquilo que chamamos "conforto". O automóvel pessoal rege a vida. Preferimos ar condicionado à brisa natural, ou sabores artificiais ao gosto do alimento em si. Nos vestimos com fibras obtidas do petróleo.
Basta olhar o rastro no céu, mas não falamos da poluição dos aviões a jato. Nem dos navios. A indústria usa a poluição como estratégia de lucro. Aqui, a partir de Guaíba, o cheiro fétido da fábrica chilena de celulose se espalha pela área metropolitana e usa bilhões de litros d'água do rio.
A tragédia dos rejeitos de minério de Mariana, MG, continua a ser tratada como "acidente". As multas de bilhões impostas ao consórcio anglo-australiano-brasileiro jamais serão pagas. E se forem, por acaso vão despoluir os rios e o mar infectados pela lama ácida?
Pensemos em tudo isto. Ainda há tempo. Desliguemos o celular!