Vivendo em clima de permanente insegurança, os brasileiros têm todos os motivos para descrer da capacidade do país de prevenir ataques terroristas como o ocorrido em Paris e que, segundo especialistas, podem se repetir nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Previsões agourentas não faltam, ainda que o governo e as Forças Armadas já tenham iniciado um grande programa de treinamento antiterror com vistas ao evento esportivo.
O conforto possível é oferecido pelo antecedente da Copa de 2014, quando o Brasil cumpriu com o que prometeu à Fifa e às delegações e montou um esquema de segurança com eficiência reconhecida em todo o mundo. Ontem, na Turquia, a presidente da República referiu-se aos riscos de atentados e assegurou que o Brasil está fora do foco dos grupos que disseminam terror. A senhora Dilma Rousseff vale-se da percepção de que o país não tem inimigos externos e tampouco estaria na lista de prioridades dos agressores. É uma declaração sensata, porque não contribui para a radicalização. Mas o país precisará de ações preventivas efetivas, para que essa sensação de segurança pretendida pela presidente seja transmitida a todos que virão ao Brasil e, é claro, também à população.
Seria temerário supor que algumas regiões estariam imunes, até porque o ocorrido em Paris é entendido como uma mudança de atitude na forma de agir do Estado Islâmico. Também é ingênuo pensar, como advertem os analistas internacionais, que apenas Europa e Estados Unidos estejam na mira do terror. O Brasil deve ter a compreensão de que não existem mais áreas livres da intolerância e trabalhar no sentido de repetir, em circunstâncias mais desafiadoras, o êxito do esquema de segurança da Copa.
Tão importante quanto cobrar do poder público providências efetivas, porém, é o engajamento da população na prevenção. Os brasileiros precisam desenvolver a consciência de autoproteção e de colaboração com as forças de segurança, identificando potenciais suspeitos e informando as autoridades com as devidas precauções. O Brasil só evitará ações terroristas futuras se melhorar as atuais condições de segurança da população e contar com a adesão da sociedade na vigilância.