Dois episódios noticiados nesta semana são reveladores da ousadia e do poder dos traficantes no Estado. Num deles, o criminoso José Carlos dos Santos, conhecido por Seco, recebeu voz de prisão mesmo já estando preso, por comandar de sua cela uma organização de assaltos e extermínios. No outro, a polícia desmantelou uma quadrilha que tinha depósito de armas ao lado da sede da Polícia Federal e transitava livremente com armamento pesado nas proximidades do Palácio da Polícia. Embora as duas ações policiais mereçam reconhecimento, os fatos revelam a precariedade do sistema prisional e dos serviços de inteligência.
Como é que um detento da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) pode se aliar a outro traficante vizinho de cela para comandar todo tipo de crime pelo telefone celular - da venda de drogas à de armas? E, mais, como é possível que, numa área central da Capital, criminosos atuem livremente na vizinhança de prédios de organismos policiais? O agravante é que, em ambas as situações, os criminosos vinham se beneficiando da liberdade de agir por longo tempo.
Os dois casos reafirmam que os gaúchos estão expostos tanto à ação de traficantes que se mantêm nas ruas quanto dos que já estão presos. Ou seja: bancam com seus impostos um esquema de segurança pública nem sempre em condições de dar respostas imediatas e sustentam prisioneiros que continuam praticando crimes, mesmo na cadeia.
Por isso, é importante que ações como as empreendidas agora se tornem regulares. A sociedade não pode continuar sob o domínio do tráfico, que ataca por todos os lados.