O Poder Executivo dá sinais contraditórios sobre o enfrentamento da crise político-econômica.
Há divergências, pois o ministro da Fazenda despreza a "nova matriz econômica" que vem do governo anterior.
O Partido dos Trabalhadores disputa internamente. E diverge do PMDB.
É o PT contra o PT.
É o PT contra o PMDB.
O governo tenta um movimento e entrega a coordenação política ao vice-presidente Michel Temer.
Logo após, o vice é enfraquecido e alijado da tarefa, pois o governo não cumpriu os compromissos por ele assumidos para a pacificação da base parlamentar.
A seguir, o governo perde a oportunidade de influir nas expectativas da sociedade quando fez a reforma ministerial.
Poderia (deveria) montar um ministério "surpreendente", que angariasse apoio da sociedade.
Preferiu aproximar-se do "baixo clero".
Negociou com este - leia-se os Piciani, pai e filho - os ministérios da Saúde e de Ciência e Tecnologia.
Entrega esses cargos para deputados do PMDB distante da necessidade do momento.
A resposta política da cúpula do PMDB veio logo.
Não houve quorum em duas sessões do Congresso para votação de vetos.
Em paralelo, o presidente da Câmara complica a tramitação das representações de impeachment.
Isso interessou ao governo, pois paralisou o procedimento.
Por sua vez, interessa ao presidente da Câmara que o processo de sua cassação, a iniciar-se na Comissão de Ética, tenha percalços.
A Comissão se arrasta para designar relator.
A tramitação do impeachment está, ou não, imbricada com a tramitação do processo na Comissão de Ética?
Nas mãos do presidente da Câmara, o início do impeachment; nas mãos da Comissão de Ética, o início do procedimento de sua cassação.
É sintomático o silêncio das lideranças do PT.
Mas há um ator que poderá desatar esse "nó perfeito" (expressão do senador José Serra).
Em algum momento, o ministro Teori Zavascki deverá levar ao plenário do STF a admissão, ou não, da denúncia da Procuradoria Geral da República contra o presidente da Câmara.
O país precisa da solução política para destravar a economia.
Lembre-se que este é o último mês de pagamento do seguro-desemprego para a primeira turma que foi desempregada com a crise econômica...
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