...O velho dorme. O idoso sonha.
...O velho não ensina. O idoso aprende.
...O velho descansa. O idoso se exercita.
...O velho tem saudade do passado. O idoso planeja o futuro.
Uns chamam de caridade, outros, de justiça. Se der resultados, tanto faz. Para isso, é preciso construir novos caminhos e remover obstáculos.
O Estatuto do Idoso é cheio de boas intenções, mas desconectado da realidade. É um documento otimista, idealizado para encantar. Na prática, se resume a uma sucessão de enunciados de aplicação impossível.
O descumprimento do conteúdo do estatuto começa por quem o elaborou. Nada existe de concreto, não existem instrumentos, previsões, iniciativas que contemplem os idosos.
No dia a dia das instituições que cuidam dos velhos, o que se observa são centenas de ações isoladas, bem como esforços generosos de poucos. E se, em vez de "proteção ao idoso", nos acostumássemos a falar em "direitos do idoso"? Seria um bom começo.
É um cenário desafiador. A sociedade caminha rapidamente para uma mudança em seu perfil demográfico: no Brasil de 2025, um terço das pessoas terá mais de 60 anos.
O empobrecimento visível de nossa população e a rejeição ao idoso no mercado de trabalho são dois dos componentes de uma crise que está por vir.
A Lei 12.213, de 20 de janeiro de 2010, instituiu o Fundo Nacional do Idoso. Converse com o seu contador. Em vez de mandar seu dinheiro para Brasília, deixe-o aqui. Certamente, será melhor usado.
Ainda mais porque o Rio Grande do Sul teve papel de protagonismo na elaboração e aprovação da lei, por iniciativa da direção do Asilo Padre Cacique e apoio decisivo do parlamentar gaúcho Beto Albuquerque. A Comissão Municipal do Idoso também poderá esclarecer eventuais dúvidas.
Mas existe uma dúvida que não precisa de resposta. Haverá mais velhos no Brasil e especialmente no Rio Grande do Sul? Sim, haverá.
Depois da dúvida, a certeza: estamos fazendo pouco. Ainda dá tempo. Mas tem que ser rápido. Porque, se há um direito concedido pela vida aos idosos, é o de não ter tempo a perder.