Parece deboche, mas é sério: o mesmo deputado Ricardo Barros (PP-PR) que quer cortar R$ 10 bilhões do Bolsa Família no Orçamento de 2016 propõe triplicar os recursos do fundo partidário. Em outras palavras, aos partidos, o máximo possível de dinheiro público para financiar a próxima campanha. Aos outros, o rigor do ajuste fiscal. O acréscimo é de R$ 600 milhões, dinheiro que parece insignificante perto do rombo de R$ 51 bilhões no próximo Orçamento, mas fará falta na área social.
Na proposta original de Orçamento para 2016, a presidente Dilma Rousseff propôs R$ 311,4 milhões para o fundo partidário. É um valor semelhante ao que havia sido previsto para 2015 e que foi elevado para R$ 867 milhões pelos parlamentares na votação do Orçamento, em março deste ano, já em plena crise política,
Ricardo Barros sabe o valor de qualquer dinheiro para os partidos em uma eleição que, por decisão do Supremo Tribunal Federal, não poderá ter dinheiro de empresas nas campanhas. O fundo é rateado entre os 35 partidos com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de acordo com o tamanho de cada um. Aos recém- criados e aos que não conseguiram eleger sequer um deputado federal na última eleição, assegura-se uma fatia mínima, que faz a alegria de dirigentes profissionais e de eternos candidatos sem representação na sociedade.
Quem entrar no site do TSE (tse.jus.br) pode consultar quanto cada partido já recebeu neste ano. Só do fundo partidário, foram distribuídos, até setembro, R$ 608,5 milhões em parcelas mensais. Restam R$ 202 milhões para depósito até o final do ano.
Desse bolo, o PT ficou com a maior fatia: R$ 81,6 milhões em nove meses. O PSDB recebeu R$ 66,8 milhões e o PMDB, R$ 65,2 milhões. Até os recém-nascidos Rede e Novo e já viram a cor do dinheiro público: foram R$ 99,4 mil para cada um em setembro, segundo o TSE.
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Os partidos ainda têm direito a uma parcela adicional referente às multas cobradas pela Justiça Eleitoral e que são rateadas entre eles. Das multas, já foram pagos R$ 52,5 milhões neste ano e restam R$ 3,7 milhões.