O atraso no pagamento da parcela de setembro da dívida com a União confirma que o uso de mais R$ 1 bilhão dos depósitos judiciais foi apenas um sopro de oxigênio nas combalidas finanças estaduais. Permitiu que o governo pagasse em dia os salários de setembro, quitasse uma pequena parte de débitos antigos e só. Para não dizer que o dinheiro acabou, a Secretaria da Fazenda reservou uma parcela para pagar as fundações, os empréstimos consignados e o custeio dos outros Poderes.
Estado decide atrasar outra vez a parcela da dívida com a União
Sabendo que a União fará mais uma vez o bloqueio das contas até a quitação dos R$ 266,6 milhões da dívida, o secretário Giovani Feltes repetiu a estratégia usada no mês passado e blindou uma parte do dinheiro na conta dos depósitos judiciais. É um drible para não ficar 10 dias sem dinheiro para despesas que não podem ser adiadas.
Além do adicional de R$ 1 bilhão dos depósitos judiciais, neste mês a receita ganhou um reforço de R$ 180 milhões (líquidos) do Refaz. Mesmo assim, o Estado só conseguiu pagar R$ 96 milhões de contas atrasadas e deve mais de R$ 500 milhões a fornecedores.
Saiba como cada deputado votou no projeto que aumentou o ICMS
Ao contrário do que diziam os humoristas do Casseta e Planeta na propaganda das Organizações Tabajara, os problemas do Rio Grande do Sul não acabaram com o uso dos depósitos judiciais nem com o aumento do ICMS, a vigorar a partir de janeiro.
Para pagar os salários de outubro, o governo já sabe que atrasará outras contas. Para honrar as folhas de novembro e dezembro, o secretário Giovani Feltes espera recursos do Fundo de Exportações e trabalha para obter sucesso nas negociações de antecipação de créditos do Fomentar e do Fundopem por empresas que ganharam incentivos fiscais e têm recursos a devolver nos próximos 20 anos. Operação semelhante foi feita pelo governo Tarso Genro no final do ano passado, com a antecipação de R$ 90 milhões devidos pela GM.
O 13º salário deverá ser pago com empréstimo do Banrisul em nome dos servidores, nos moldes do que o governo fez para quitar a dívida com os hospitais. O pagamento desses empréstimos comprometerá a maior parte da receita a ser obtida com o aumento do ICMS.
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