Mesmo com avanços nas últimas décadas, o Brasil ainda tem 13 milhões de analfabetos. Gente que não consegue pegar ônibus ou procurar emprego sem ajuda de alguém que saiba ler ou escrever. Quem nunca ouviu na parada um pedido de auxílio? "Moço, que linha é está?"
Em tempos de tantas tecnologias e formas de comunicação, é difícil de acreditar que 8 em cada 100 brasileiros com mais de 15 anos de idade não conseguem ler uma palavra. O número de analfabetos funcionais, aqueles que não conseguem compreender um texto simples, é ainda maior.
Uns anos atrás, numa reportagem sobre educação de adultos, eu pude conviver e conversar com muitos senhores e senhoras que estavam aprendendo os primeiros traços, as primeiras letras. É simplesmente emocionante. Com 60, 70 ou 80 anos de idade, pareciam criancinhas no primeiro ano de colégio. Eles resgatavam um direito sonegado no passado.
Nossos avós raramente conseguiam frequentar as salas de aula, principalmente se moravam no campo. Em algumas famílias, os pais precisavam escolher entre tantos filhos quem poderia estudar. Imagino que tarefa difícil. O trabalho vinha em primeiro lugar, o número de escolas era inferior à demanda e o estudo ficava em segundo plano. E assim foi por muito tempo.
Entre os idosos brasileiros, a taxa de analfabetismo é de 24%. Entre a população de 15 a 30 anos, é de 3%. Nós estamos evoluindo, apesar de todos os problemas da educação pública.
A Constituição Federal de 1988 estabelece que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família. A rede pública oferece aulas na Educação de Jovens e Adultos. Eu já ouvi de alguns que é tarde demais. Outros têm vergonha da sua situação de analfabeto. A família tem um papel importante, deve incentivar. Todos merecem a liberdade: o direito de saber ler e escrever. Neste Dia Mundial da Alfabetização, fica a lembrança de que nunca é tarde.