Chega a ser constrangedora a situação do governo diante das reações à tentativa de impor ao Congresso e à sociedade o pacote de medidas que inclui o retorno da CPMF. Um exemplo de contrariedade foi oferecido ontem pelo próprio vice-presidente da República. Em visita à Polônia, o senhor Michel Temer adotou posição reticente quando indagado sobre a ressurreição do chamado imposto provisório, desta vez para socorrer a Previdência. Uma autoridade que deveria, em tese, ser aliada de primeira hora ao esforço governamental deu uma demonstração evidente de desconforto com o tema e de contrariedade com a pressão que o Planalto tenta fazer sobre sua base aliada.
Este e outros sinais do Executivo e de seus pretensos aliados fortalecem os indícios de que o governo já não sabe o que fazer para defender de forma convincente suas ideias. Com uma base parlamentar fragilizada, no contexto de uma economia em crise, o momento é de quase paralisia. Não há como levar adiante um projeto controverso, como o da reabilitação da CPMF, se nem os idealizadores do plano conseguem convencer os que devem aprová-lo ou rejeitá-lo.
Também é reveladora da atual situação a declaração do vice-presidente de que o país precisa de boa vontade para concretizar os ajustes propostos. O governo terá de investir na rearticulação de suas bases e no poder de convencimento de que, ao lado do aumento da carga tributária, será de fato capaz de cortar gastos, com o contraponto da austeridade. Essa é uma questão ainda não resolvida para os políticos e para os contribuintes.