Por Jorge Luís Nicolas Audy, superintendente de Inovação e Desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc e membro do Conselho Editorial da RBS
Uma educação de qualidade, integral e inclusiva, é o fundamento de todas as nações que entenderam as novas dinâmicas de desenvolvimento social a partir da revolução da tecnociência da segunda metade do século 20. A educação de um povo é parte essencial e definidora de sua cultura, com reflexos em todas as dimensões da sociedade. No tempo que vivemos, o acesso à informação e o conhecimento gerado desempenham papel crítico na formação da cultura.
O jornalista deve, cada vez mais, refletir sobre a influência que exerce
Em tempos de redes sociais, de abundância de informações, de fontes pouco confiáveis – muitas vezes imperceptivelmente inseridas nos novos canais de comunicação –, a importância dos jornalistas e do jornalismo profissional emerge como um fator crítico. Eles que, com suas técnicas e conhecimentos, são capazes de combater a desinformação e pautar a sociedade em temas de interesse público.
Entendo que a pauta mais relevante para o futuro da sociedade é a educação. Nesse sentido, é de extrema importância que a educação, em seu sentido amplo, seja um tema constante na pauta jornalística. Para além da cobertura factual e dos serviços que apoiam a população no cotidiano, o jornalista deve, cada vez mais, refletir sobre a influência que exerce e assumir o papel de contribuir para o desenvolvimento de uma cultura de educação na sociedade, nas mais diversas áreas, entre as quais estão a segurança, a saúde, a economia, a sustentabilidade, a inclusão, as mudanças climáticas etc.
Entre os desafios a serem superados pelos profissionais de imprensa para atuar na construção dessa cultura, destaca-se a necessidade de frequente adaptação – às novas tecnologias e aos contextos sociais –, buscando desenvolver estratégias, linguagens e formatos que atraiam diferentes públicos, entre eles jovens e adultos, por meio de multiplataformas.
Assim, reconhecendo a influência que exerce e trabalhando para a construção de uma cultura de educação, o jornalismo amplia sua atuação social, deixando de ser apenas um interlocutor dos principais acontecimentos, e assume uma posição de agente que impulsiona mudanças necessárias para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
Quando isso não acontece, ou seja, a educação não é uma pauta constante na imprensa, esta provavelmente reflete uma sociedade que não valoriza a educação como o mais importante meio de transformação social. Agora, se a sociedade valoriza a educação para a construção de um futuro melhor, deve ser papel da imprensa apoiar o desenvolvimento dessa cultura. Em ambos os casos, uma imprensa consciente e ética deve ser protagonista deste processo de construção social.