Por Ricardo Gandour, jornalista e membro do Conselho Editorial da RBS
A distribuição da informação sempre foi vital para o desenvolvimento humano. A história nos ensina que um dos motores do progresso é o fato de sabermos que pode ser possível algo que nem imaginávamos existir. O saber move e motiva. Em seu campo, o jornalismo também se ocupa do saber. “É o conjunto de atividades que, seguindo regras e princípios, produz um primeiro conhecimento sobre fatos e pessoas”, diz a breve e precisa definição dos manuais do Grupo Globo.
Para cumprir essa missão, o jornalista se utiliza de método. Nada é feito ao acaso ou de qualquer jeito. Uma reportagem segue passos planejados, em etapas de checagem e ângulos de visão. E nunca estará definitivamente pronta, sempre admitindo novas contribuições e correções de erros, num processo contínuo – “a busca permanente da melhor versão possível da verdade”, segundo Carl Bernstein.
A empresa jornalística tem endereço conhecido e editores aptos a admitir contestações e correções
Aos textos factuais e informativos se juntam outros dois tipos de escrita ou de fala: a análise e a opinião. Analisar é, a partir de fatos e dados, fazer comparações, examinar hipóteses e construir projeções. Opinar é emitir juízo próprio, transparente e pessoal – e será tanto melhor quanto mais estiver embasado em informação e análise. Este é o trio de ouro do jornalismo: informação, análise e opinião.
Os meios digitais universalizaram o acesso à publicação e à distribuição de informações, com inegáveis benefícios à expressão de grupos e ideias anteriormente pouco ou nada representados. Ao mesmo tempo, a transformação do espaço midiático deu margem à mistura entre aquelas três categorias de conteúdo. Nas redes sociais, a mistura virou confusão – sem contar o acúmulo de pseudoinformações inventadas e fantasiosas.
É por isso que tanto se insiste no conceito de “jornalismo profissional”. Nas empresas jornalísticas estabelecidas, pessoas com formação e método fazem de sua profissão a contínua produção e edição de informação, para embasar análises e acolher opiniões e debates. A empresa jornalística tem endereço conhecido e editores aptos a admitir contestações e correções.
Ao completar 65 anos, o grupo RBS reiterou seu compromisso com o método jornalístico e criou o Conselho Editorial – para o qual tive a honra de ser chamado, convite que publicamente agradeço. Estamos aqui para apoiar as redações do grupo no cumprimento da missão do jornalismo profissional. É isso que nos move e nos motiva.