Por mexer com paixões e nervos, a atual campanha para presidente pode ser a mais emocionante, enquanto a disputa para o governo do Estado é a mais próxima e, no Rio Grande do Sul, como de hábito, desperta discussões acaloradas. Mas campanhas tão ou mais relevantes quanto as duas anteriores – as que definem os perfis de nossos parlamentos – parecem condenadas a um injusto quase anonimato pelo eleitorado.
No Conselho Editorial da RBS, está claro o desafio das redações de trazer à tona a importância da disputa pelos legislativos, como, aliás, já demonstrado em reportagem de Carlos Rollsing em Zero Hora e GZH no fim de semana passado. Pouca gente lembra em quem votou há quatro anos para a Câmara Federal e a Assembleia Legislativa, o que só reforça a necessidade de se tentar reverter esse aparente desinteresse. Deixar de monitorar as atividades do eventual parlamentar eleito, desconhecer a atuação de bancadas, maiorias e minorias, ignorar a comparação de candidaturas ou minimizar a representação parlamentar é uma temeridade para os destinos dos indivíduos e da sociedade.
É nos parlamentos que se desenha com mais nitidez a sociedade em que viveremos. Cidadãos podem gritar à vontade contra eventuais exageros, desmandos ou inércias nos poderes Executivo e Judiciário, mas é o Parlamento, por meio de legislações, que estica, encolhe, limita ou amplia o raio de ação dos demais poderes e instituições da República. São os parlamentos que sacramentam o orçamento e a aplicação dos impostos arrecadados e que aceleram ou travam reformas com mais impacto na vida dos cidadãos do que muitas das discussões inócuas no âmbito de governos.
Um dos desafios da imprensa ao cobrir eleições parlamentares é encontrar formas criativas de ampliar o interesse pelo voto nos parlamentos sem descambar para favorecimentos. Não é uma tarefa simples, dada à drenagem de atenção pelas eleições majoritárias e o risco de desequilíbrio. Mas seguir jogando luz no lado menos iluminado desta eleição é uma tarefa mandatória para um grupo de comunicação comprometido em colaborar com a discussão do futuro das comunidades onde atua.