
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na noite de quarta-feira (26), pelo horário de Brasília, que está "preocupado" com a tarifação de produtos importados determinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
— Isso vai elevar o preço das coisas e pode levar a uma inflação que ele, Trump, ainda não está percebendo — disse o presidente em entrevista coletiva em Tóquio, ao fim da visita de Estado ao Japão.
Lula afirmou que o mandatário americano não é o "xerife do mundo" e que seria importante, ao invés de tomar medidas unilaterais, conversar com os líderes de outras nações.
— Não prevejo um quadro positivo nessa política de aumento de taxação — afirmou.
De acordo com Lula, o Brasil responderá à tarifação dos produtos vendidos para os Estados Unidos de duas formas: recorrendo à Organização Mundial do Comércio (OMC) e adotando a reciprocidade tarifária, caso a reclamação à entidade não dê resultados.
— É colocar em prática a lei da reciprocidade. Não dá para a gente ficar quieto achando que só eles têm razão e que só eles podem taxar outros produtos — ressaltou.
Tarifas sobre produtos brasileiros
No dia 12 de março, os Estados Unidos passaram a cobrar tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. A medida entrou em vigor um mês após assinatura de decreto por Trump e vai atingir o setor siderúrgico de grandes parceiros comerciais, como o Canadá e o México.
O Brasil, que ocupa o posto de segundo maior fornecedor de aço para os EUA, também será impactado. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o impacto pode chegar a R$ 8,7 bilhões.
O instituto prevê queda de 2,19% na produção, contração de 11,27% nas exportações e redução de 1,09% nas importações.
Em termos absolutos, a tarifa poderá causar a perda de US$ 1,5 bilhão nas exportações, ou cerca de R$ 8,7 bilhões no câmbio atual. Em volume comercializado, a diminuição pode chegar a 1,6 milhão de toneladas de aço e alumínio.