
Pesquisadores italianos e escoceses revelaram indícios de uma "cidade subterrânea" abaixo das Pirâmides de Gizé, no Egito. O Projeto Quéfren, conduzido por Corrado Malanga, Armando Mei e Filippo Biondi, utilizou tecnologia de ponta para mapear estruturas desconhecidas sob o complexo arqueológico egípcio.
Em entrevista coletiva sobre a descoberta, realizada no último dia 16, os pesquisadores afirmaram que a rede subterrânea fica a 1,2 quilômetros de profundidade, estendendo-se por cerca de dois quilômetros sob o Planalto de Gizé.
As imagens de radar de abertura sintética (SAR) revelaram cinco grandes estruturas interligadas por caminhos geométricos, além de oito poços cilíndricos alinhados verticalmente, sugerindo um complexo arquitetônico sofisticado. Na região mais profunda, todas as estruturas convergem para duas câmaras cúbicas gigantescas, cada uma com aproximadamente 80 metros de largura.
Os pesquisadores usaram uma abordagem inovadora que transforma sinais eletromagnéticos em informações fônicas, permitindo mapear vibrações submilimétricas do solo. Isso possibilitou a detecção de passagens subterrâneas que podem estar ligadas ao lendário Reino de Amenti, um conceito presente nos antigos textos egípcios.

Descobertas
A análise também revelou corredores ocultos dentro da Grande Pirâmide de Quéops, incluindo um possível bloqueio de granito que pode esconder outra passagem desconhecida. Evidências de erosão por água em blocos da Grande Pirâmide sugerem que partes da estrutura podem ter sido submersas em algum momento remoto, reforçando teorias sobre mudanças climáticas no Egito Antigo.
A pesquisa sugere que o alinhamento das pirâmides com a astronomia pode indicar uma datação muito mais antiga do que se pensava, possivelmente em torno de 36.400 a.C. Além disso, a falta de hieróglifos no interior das pirâmides levanta dúvidas sobre sua real função, sugerindo que seu propósito pode estar ligado a um conhecimento matemático e astronômico avançado.
Outro ponto de destaque é a relação entre a descoberta e textos antigos, como as Tavole Smeraldine, que mencionam um vasto complexo subterrâneo associado à passagem das almas no pós-vida egípcio. A presença de poços verticais descritos nesses textos coincide com as formações identificadas pelos pesquisadores, fortalecendo a hipótese de que a cidade descoberta poderia ser Amenti, um local sagrado na cosmologia egípcia.
A pesquisa ainda está em andamento, e os cientistas esperam aprofundar a análise para determinar a extensão exata das estruturas subterrâneas e sua conexão com o restante do Planalto de Gizé. Se confirmadas, essas descobertas poderão revolucionar o entendimento da civilização egípcia, revelando uma rede subterrânea de grande complexidade e um possível novo capítulo na história da humanidade.
Controvérsias
Após a coletiva sobre a pesquisa, especialistas em Egito Antigo contestaram as conclusões do grupo de pesquisa, alegando exageros na interpretação dos dados. Em entrevista ao The National, o arqueólogo Zahi Hawass afirmou que, em décadas de estudos utilizando radares e tecnologias similares, nunca encontrou evidências de tais estruturas sob as pirâmides.
Outro ponto de debate envolve a validade científica do estudo, que ainda não foi cientificamente aprovado ou validado. Alguns pesquisadores questionam a capacidade do aparato tecnológico empregado na pesquisa de alcançar grandes profundidades. Lawrence Conyers, pesquisador da Universidade de Denver, destacou que, embora a existência de estruturas subterrâneas sob Gizé seja possível, classificá-las como uma "cidade subterrânea" seria um exagero.
Produção: Juliano Trindade