
O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou nesta quinta-feira (27) que a relação com os Estados Unidos, baseada na "integração" e na "cooperação", chegou ao fim:
— Antiga relação que tínhamos com os Estados Unidos, baseada na integração de nossas economias e na estreita cooperação em segurança e assuntos militares, chegou ao fim.
Durante coletiva de imprensa, ele afirmou que os norte-americanos "claramente" deixaram de ser parceiros confiáveis após as tarifas "injustificadas" impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
— Nossa resposta às tarifas é lutar com retaliações. Vamos impor medidas de grande impacto aos EUA e de baixo impacto ao Canadá. Não existe uma bala de prata para as tarifas e, não vou mentir, o caminho será longo — declarou Carney.
O premiê disse que deve se reunir na sexta-feira (28) com ministros de seu gabinete para definir uma resposta conjunta às tarifas recíprocas a serem impostas pelos EUA em 2 de abril.
Carney também revelou que Trump entrou em contato com o governo canadense na quarta-feira à noite para agendar uma ligação telefônica e que deve falar com o republicano "dentro de um ou dois dias".
Segundo ele, as negociações tarifárias com os norte-americanos podem levar a uma restauração parcial da confiança entre os dois países.
— Chegará o momento de uma ampla renegociação dos acordos comerciais e de segurança com os EUA — afirmou.
A retaliação canadense às tarifas de Trump será anunciada na próxima semana, com base nas ações do governo americano em 2 de abril. Carney prometeu responder "a cada tarifa que os EUA aplicarem sobre nós" e mencionou a possibilidade de que alguns ministros viajem a Washington nos próximos dias para novas discussões sobre o tema.
Além disso, o primeiro-ministro destacou a necessidade de reduzir "drasticamente" a dependência do Canadá em relação aos EUA:
— Vamos fortalecer o setor automotivo do Canadá, por exemplo, e faremos o mesmo com outros setores. Queremos construir uma indústria automobilística forte no nosso país e podemos sustentá-la mesmo com as tarifas americanas — declarou.
Carney ainda acrescentou que vai "construir um futuro independente para o Canadá".
51º Estado norte-americano
A anexação do Canadá pelos Estados Unidos é mencionada por Trump desde antes de ele assumir o novo mandato, em 20 de janeiro, citando o aumento da proteção contra outros países.
Trump afirmou ainda que pode usar as forças norte-americanas contra os canadenses — impondo tarifas ou boicotando produtos do país. O político chegou a publicar uma foto nas redes sociais de como ficaria o mapa dos dois países juntos.

O então primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, rejeitou a proposta de unificação:
"Não há a menor chance de o Canadá se tornar parte dos Estados Unidos", escreveu no X.