O chefe do movimento islâmico libanês Hezbollah, Hassan Nasrallah, morreu em bombardeio nesta sexta-feira (27) em Beirute, no Líbano. A informação foi confirmada pelo grupo na manhã deste sábado (28).
Horas antes, o exército israelense já havia se pronunciado, afirmando ter "eliminado" Nasrallah.
"Sayed Hassan Nasrallah se uniu com seus companheiros mártires (...) cuja marcha liderou durante quase 30 anos", anunciou o grupo pró-Irã em um comunicado. Aos 64 anos, ele era um homem muito influente e venerado no Líbano. Líder do Hezbollah desde 1994, ele vivia escondido e fez raras aparições públicas.
Ainda segundo a nota, o secretário-geral do Hezbollah morreu ao lado de outros membros do movimento. Da mesma forma, um comunicado militar israelense afirma que Ali Karake, apresentado como o comandante da frente sul do Hezbolllah, e outros dirigentes do movimento morreram ao lado de Nasrallah. O Exército garantiu que a "maioria" dos líderes do grupo xiita foi "eliminada" nas operações israelenses dos últimos meses.
"A mensagem é simples: saberemos como alcançar qualquer pessoa que ameace os cidadãos de Israel", alertou o comandante do Estado-Maior israelense, general Herzi Halevi.
O grupo islamista palestino Hamas classificou o assassinato de Nasrallah de "ato terrorista covarde".
"Nova ordem"
As forças de segurança d Israel divulgaram imagens do ministro da Defesa, Yoav Gallant, de Herzi Halevi e do comandante da Força Aérea, Tomer Bar, reunidos em um centro de comando durante a operação contra Nasrallah, batizada de "Nova ordem".
O Exército israelense iniciou na segunda-feira (23) uma campanha de bombardeios em larga escala contra o Hezbollah no Líbano, após um ano de confrontos na fronteira com o movimento pró-Irã.
O Hezbollah abriu uma frente contra Israel no início da guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque contra o território israelense de seu aliado Hamas em 7 de outubro de 2023. Desde então, prometeu continuar "até o fim da agressão israelense em Gaza".
Israel afirma que, com os bombardeios, pretende restabelecer a segurança no norte do país, alvo dos ataques do Hezbollah, e permitir o retorno para suas casas de dezenas de milhares de habitantes que foram obrigados a deixar a região.
O Hezbollah, financiado e armado pelo Irã, foi criado em 1982 por iniciativa da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica.
O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, denunciou neste sábado "política míope" de Israel, após o anúncio da morte de Nasrallah, mas sem mencionar o nome do líder do Hezbollah.
"Capacidade para disparar"
"O Hezbollah ainda tem foguetes e mísseis e a capacidade para disparar vários simultaneamente", declarou um porta-voz militar, o tenente-coronel Nadav Shoshani, que calcula em "dezenas de milhares de foguetes" o arsenal do grupo.
O bombardeio israelense de sexta-feira destruiu dezenas de edifícios, obrigou centenas de pessoas a abandonar suas casas e deixou pelo menos seis mortos, segundo um balanço oficial libanês.
O Exército de Israel anunciou que teve como alvos imóveis residenciais que abrigavam depósitos de armas do Hezbollah, o que o movimento pró-Irã nega.
Após uma noite de intensos bombardeios, a periferia sul de Beirute foi novamente alvo de ataques israelenses neste sábado. O movimento xiita anunciou que lançou foguetes contra um kibutz israelense e várias posições militares no norte de Israel. Mas vários projéteis foram interceptados.
As autoridades europeias recomendaram que as companhias aéreas evitem o espaço aéreo do Líbano e de Israel ao menos até 31 de outubro.
140 alvos
O Exército israelense anunciou neste sábado que bombardeou, durante a noite, mais de 140 posições do Hezbollah no sul e leste do Líbano. Também afirmou que matou um dos comandantes do movimento pró-Irã em um ataque no sul.
Os caças do país sobrevoaram o aeroporto de Beirute para impedir que o Irã envie armas para o Hezbollah, segundo o Exército.