O ex-candidato à presidência da Venezuela Edmundo González disse, após chegar ao exílio em Madri, que sua saída de Caracas esteve "rodeada de episódios de pressão, coerções e ameaças".
"Confio que em breve continuaremos a luta para alcançar a liberdade e a recuperação da democracia na Venezuela", concluiu o político. A mensagem teria sido enviada em um áudio que circulou por diversos meios de comunicação venezuelanos e latino-americanos. O áudio foi compartilhado na íntegra pela GloboNews.
González desembarcou na Espanha no domingo (8), dias após receber uma ordem de prisão na Venezuela.
A saída de González Urrutia do país aconteceu em meio a uma crise iniciada com as eleições presidenciais nas quais Maduro foi oficialmente reeleito para um terceiro mandato de seis anos, apesar das denúncias de fraude apresentadas pela oposição.
Pedido de asilo
Conforme o ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel Albares, o venezuelano embarcou em um voo da Força Aérea espanhola. "Ele também solicitou para ser beneficiado pelo direito de asilo, que certamente o governo espanhol vai processar e conceder", acrescentou em publicação no X, antigo Twitter.
A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, disse que o opositor deixou o país com o aval da administração local. "No dia de hoje, 7 de setembro, saiu do país o cidadão opositor Edmundo González Urrutia, que, depois de se refugiar voluntariamente na embaixada do Reino de Espanha em Caracas há vários dias, solicitou a este governo a tramitação do asilo político", anunciou nas redes sociais.
— Confirmo que viajou para a Espanha" — declarou à AFP o advogado de González Urrutia, José Vicente Haro, sem revelar mais detalhes.
Uma fonte da oposição afirmou que Urrutia deixou a Venezuela com a esposa, Mercedes.
O diplomata de 75 anos, que estava escondido desde 30 de julho, reivindica a vitória nas eleições que, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), resultaram na reeleição de Maduro.
O CNE não divulgou as atas de votação de cada seção eleitoral, como a lei exige, alegando que seu sistema foi alvo de ataque de hackers.
Disputa
A proclamação da vitória de Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho, com 52% dos votos, desencadeou protestos em todo o país que deixaram 27 mortos, 192 feridos e 2.400 detidos, incluindo mais de 100 menores de idade, embora 86 adolescentes tenham sido liberados sob medidas cautelares.
O presidente culpa Corina Machado, que também está escondida, e González Urrutia pela violência e pediu a prisão de ambos.
A saída de González Urrutia ofuscou a disputa de sábado entre Venezuela e Brasil sobre a permissão concedida ao governo brasileiro para representar a embaixada da Argentina em Caracas, onde seis colaboradores da oposição permanecem refugiados desde março.
Caracas revogou "de maneira imediata" a autorização concedida ao Brasil para representar a Argentina no país, após o rompimento das relações com Buenos Aires e várias capitais latino-americanas que questionavam a reeleição de Maduro.
Após 48 horas de tensão, testemunhas disseram que as forças de Nicolás Maduro abandonaram o cerco à embaixada da Argentina em Caracas, na Venezuela, segundo o jornal argentino Clarín. O fornecimento de energia elétrica também foi restaurado, de acordo com fontes da publicação. O Itamaraty afirmou que não tinha essa informação até o início da noite de domingo (8).