Edmundo González, candidato da oposição na Venezuela, fez sua primeira declaração nesta terça-feira (3) após a justiça do país determinar a sua prisão. O Ministério Público havia solicitado a detenção de González depois que o político ignorou três intimações para depoimento. As informações são do g1.
Em um comunicado na plataforma de oposição, González criticou a decisão. "O que o país precisa é ver as atas eleitorais, não de ordens de apreensão", diz a publicação compartilhada pelo oposicionista.
Até o momento desta publicação, González não foi detido e seu paradeiro é desconhecido há semanas.
O opositor alega ter vencido as eleições presidenciais contra o presidente Nicolás Maduro em julho, mas enfrenta investigações por crimes como usurpação de funções, falsificação de documentos, incitação a atividades ilegais, sabotagem e associação criminosa. O mandado de prisão formaliza as acusações contra ele.
O Ministério Público (MP), que é aliado de Maduro e controlado por chavistas, apresentou o pedido de prisão após González desrespeitar três convocações para depoimento sobre a publicação de atas eleitorais em um site. O mandado determina que González seja colocado à disposição do MP assim que for detido.
A oposição usa os dados das atas para sustentar que González venceu as eleições. Mais de 80% dos documentos eleitorais foram disponibilizados pelo grupo opositor.
María Corina Machado, líder oposicionista, reagiu ao mandado de prisão, afirmando que "Maduro perdeu completamente o contato com a realidade" e que a ação apenas fortalece a determinação do movimento oposicionista. Ela acrescentou que "os venezuelanos e as democracias ao redor do mundo estão mais unidos do que nunca na busca pela liberdade."
O procurador-geral Tarek Saab alegou que as atas apresentadas pela oposição são falsas. No entanto, até agora, as autoridades venezuelanas não divulgaram as atas eleitorais oficiais, mesmo sob pressão de países como Brasil e Estados Unidos. A ONU confirmou a segurança das atas divulgadas pela oposição.
O pedido de prisão de González ocorreu no mesmo dia em que os Estados Unidos apreenderam um avião vinculado ao governo Maduro na República Dominicana.
Faltas
González, temendo a prisão, faltou às convocações do MP e não compareceu quando o Tribunal Supremo de Justiça convocou os candidatos para reconhecer o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que declarou Maduro vencedor sem apresentar as atas eleitorais. O Supremo e o CNE são alinhados ao governo de Maduro.
O opositor já havia sido advertido sobre a possibilidade de prisão em caso de novas faltas. A lei venezuelana prevê detenção após três faltas consecutivas em intimações para depoimento. A comunidade internacional tem denunciado a repressão contra opositores e a falta de transparência nas eleições.
Nicolás Maduro, desde a eleição, tem ameaçado González e María Corina Machado com prisão, afirmando que "os opositores devem estar atrás das grades".
María Corina Machado na mira do MP
Em agosto, o procurador-geral Tarek Saab acusou María Corina Machado de ser responsável pelos protestos que resultaram em mais de 20 mortes. Saab abriu uma investigação contra Corina Machado e outros opositores, classificando-os como membros da "extrema direita". Ele afirmou que as manifestações pós-eleitorais foram planejadas e que o país enfrenta uma "guerra híbrida" com uma tentativa de golpe apoiada pelos EUA desde 2017. Saab também afirmou que qualquer um dos opositores pode ser responsabilizado como autor intelectual dos eventos.