A Colômbia retomará a ofensiva militar contra a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) após o fim do cessar-fogo que vigorava desde 2023, anunciou nesta segunda-feira (5) o ministro da Defesa, Iván Velásquez.
No sábado, terminou a trégua entre o governo e os rebeldes. Diante dos desacordos entre as partes, que mantêm diálogos de paz, era uma incógnita se seria renovada.
"Essas operações ofensivas serão retomadas. E essa é a instrução do comandante geral das Forças Militares", assegurou Velásquez em uma declaração à imprensa.
Após o fim do cessar-fogo, a delegação de paz do ELN divulgou em sua conta na rede social X um comunicado em que aponta "descumprimentos" do governo em relação aos acordos assinados durante os ciclos de negociações realizados desde o final de 2022 em Cuba, Venezuela e México.
Nesse comunicado, a guerrilha exige que o governo retire o ELN da lista de "Grupos Armados Organizados", uma denominação oficial para as principais organizações criminosas. Se o governo atender ao pedido, asseguram que se reunirão com sua delegação de paz "para avaliar o cessar-fogo e decidir sobre sua continuidade".
Consultado sobre as exigências do ELN, Velásquez afirmou que "esse é um assunto que sempre pode ser objeto de discussão".
Em abril, a guerrilha assegurou que a mesa de negociações havia entrado em um "estado de congelamento", em resposta às aproximações do governo de Gustavo Petro com um de seus frentes em desobediência no departamento de Nariño (sul).
A Missão de Verificação das Nações Unidas (ONU) na Colômbia, que monitora o acordo de paz de 2016 com a extinta guerrilha Farc, e a Igreja Católica haviam instado as partes a renovar o cessar-fogo.
Petro, o primeiro presidente de esquerda na história da Colômbia, tenta desativar o conflito armado de seis décadas dialogando com as guerrilhas e algumas poderosas gangues, mas especialistas consideram que a tentativa de desarmar cerca de 5.800 membros do ELN avança muito lentamente.
Algumas crises desencadeadas por atentados da guerrilha contra a população civil e as forças de segurança levaram à suspensão de anteriores cessar-fogos.
A guerrilha, de corte nacionalista e doutrina marxista-leninista, comemorou no mês passado seu 60º aniversário.
Em seis décadas, o conflito armado colombiano deixou pelo menos 9,5 milhões de vítimas, segundo dados oficiais.
* AFP