O ministro da Defesa Ucraniana anunciou a criação de uma unidade chamada "Legião Ucraniana", para recrutar os cidadãos em idade de combate, a partir dos 25 anos, que moram em outros países europeus para que se alistem nas forças armadas, com treinamento na Polônia.
Kiev, com o exército esgotado após dois anos e meio de invasão russa, tenta reforçar suas fileiras. As autoridades ucranianas intensificam a mobilização interna no país, em parte graças a uma nova lei aprovada em maio, que ordenou a liberação de presos que se apresentaram voluntariamente para entrar no exército do país em troca de serem libertados.
Agora, o governo tenta recrutar homens ucranianos que vivem na Europa, incluindo alguns que fugiram ilegalmente do país justamente pelo medo de alistamento.
— Os ucranianos que estão na Polônia e em outros países da União Europeia poderão unir-se à defesa ucraniana assinando um contrato com as forças armadas — anunciou o ministro Rustem Umerov nas redes sociais.
A criação da unidade está contemplada em um acordo de segurança bilateral entre a Ucrânia e a Polônia, assinado na segunda-feira em Varsóvia pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, e pelo primeiro-ministro polonês, Donald Tusk.
— Esta é uma "unidade especial de voluntários que será treinada em território polonês e equipada com armas ocidentais", antes de ser mobilizada na frente de batalha na Ucrânia —disse Umerov. — Incentivamos todos os ucranianos que estão na Europa ao alistamento na legião ucraniana — acrescentou, sem revelar quantos homens Kiev espera recrutar.
Com a menção ao treinamento na Europa e ao armamento moderno, as autoridades tentam convencer os ucranianos, pois há vários meses o exército enfrenta a falta de equipamentos devido aos atrasos no envio da ajuda ocidental. Além disso, circulam rumores sobre o envio imediato para a frente de batalha de recrutas jovens, sem treinamento adequado e mal equipados.
O ressentimento gerado pelo recrutamento foi agravado por escândalos de corrupção no exército, incluindo um sistema enraizado de subornos para evitar o alistamento. Kiev calcula que há 300 mil homens ucranianos em idade de combate atualmente na Polônia.