- Julian Assange nasceu na Austrália. Durante a adolescência, ficou conhecido pela sua capacidade em programação
- O WikiLeaks surgiu em 2006 como uma ferramenta digital onde documentos secretos pudessem ser vazados. O grupo era composto por ativistas, que recebiam materiais sigilosos.
- O WikiLeaks ficou famoso em 2010, quando vazou um vídeo que mostrava um ataque de helicóptero dos Estados Unidos no Iraque.
Foi solto nessa segunda-feira (24), Julian Assange, fundador da página WikiLeaks após realizar um acordo com a Justiça dos Estados Unidos. O australiano, que se tornou um pesadelo para o país e um símbolo da liberdade de informação para muitos, se declarou culpado e permitiu sua libertação após vários anos de detenção no Reino Unido.
Ele é acusado pelo governo americano de espionagem após o vazamento de material confidencial na sua página WikiLeaks.
Segundo o acordo, Assange comparecerá a um tribunal federal nas Ilhas Marianas, um território americano no Pacífico, onde deve se declarar culpado de conspiração por obter e disseminar informações de defesa nacional.
Em 2006, ele criou um veículo de comunicação sem fins lucrativos chamado WikiLeaks, que publicou, segundo o próprio site, mais de 10 milhões de documentos confidenciais, fornecidos por fontes anônimas.
Os Estados Unidos depararam-se subitamente com um veículo de comunicação que revelou os documentos secretos vazados do Pentágono sobre as suas operações no Iraque e no Afeganistão, assim como a correspondência secreta do governo e das suas embaixadas em todo o mundo.
Em 2010, ele foi designado pelos leitores da revista Time a personalidade do ano. A Newsweek o definiu em 2012 como um dos personagens mais revolucionários do planeta.
Justamente em 2010, quando o WikiLeaks atingiu o pico de popularidade com os vazamentos, a Suécia exigiu a prisão de Assange sob duas acusações, uma por estupro de uma mulher e outra por assédio sexual, durante uma visita a Estocolmo para participar em uma conferência. As acusações foram posteriormente retiradas.
Assange negou a veracidade das acusações, mas foi submetido à prisão domiciliar na sua casa, até que, em maio de 2012, o Supremo Tribunal de Londres concordou com sua extradição para a Suécia.
Pouco depois, em junho de 2012, diante do cerco a que estava sendo submetido e para evitar a extradição, Assange refugiou-se na embaixada do Equador em Londres, onde permaneceu por sete anos, durante o governo de Rafael Correa.
Com a chegada de Lenín Moreno ao poder no Equador, o país deixou de conceder asilo ao australiano e ele foi detido em abril de 2019 pela polícia britânica e levado para a penitenciária de segurança máxima de Belmarsh, no sudeste de Londres.
Sua esposa, Stella Moris, revelou em 2020 que teve dois filhos com Assange enquanto ele morava na embaixada do Equador em Londres e ela integrava a equipe jurídica que trabalhava para ele.
Confira todas as etapas do processo, que durou 14 anos:
- Em julho de 2010, a imprensa mundial publica 70 mil documentos confidenciais sobre as operações da coalizão internacional no Afeganistão, divulgados pelo site WikiLeaks.
- Em outubro, são publicados 400 mil relatórios sobre a invasão dos EUA no Iraque e, um mês depois, o conteúdo de 250 mil telegramas diplomáticos americanos.
- Em 18 de novembro, a Suécia emite uma ordem de detenção europeia contra Assange como parte de uma investigação por estupro e agressão sexual a duas mulheres suecas em agosto de 2010. O australiano afirma que foram relações consensuais.
- Em dezembro, Assange se entrega à polícia britânica. Ele fica detido por nove dias e depois sob prisão domiciliar.
- Em fevereiro de 2011, um tribunal de Londres valida o pedido de extradição para a Suécia. O australiano teme ser entregue de lá para os Estados Unidos e enfrentar a pena de morte.
- Em 19 de junho de 2012, se refugia na embaixada equatoriana em Londres e solicita asilo político. O Equador, então presidido por Rafael Correa, concede o asilo em agosto e pede às autoridades britânicas, sem sucesso, um salvo-conduto para que o fundador do WikiLeaks possa viajar para Quito.
- De junho de 2012 à abril de 2019, Assange ficou confinado na embaixada equatoriana, período durante o qual obteve a nacionalidade, antes de ser privado da mesma.
- Em 2 de abril de 2019, o presidente equatoriano Lenín Moreno, que rompeu com seu antecessor, afirma que Assange violou o acordo sobre suas condições de asilo. No dia 11, Assange é detido na embaixada pela polícia britânica.
- Imediatamente, a advogada da mulher que acusa Assange de estupro na Suécia anuncia que solicitará a reabertura da investigação, arquivada em 2017. Os fatos referentes à outra denúncia, por agressão sexual, prescreveram em 2015.
- Em 1º de maio, Assange é condenado a 50 semanas de prisão por um tribunal de Londres por violar as condições de sua liberdade provisória.
- Em 13 de maio, a Promotoria de Estocolmo anuncia a reabertura da investigação por estupro.
- Em 23 de maio de 2019, a justiça dos Estados Unidos, que já o acusava de "pirataria informática", o acusa de outros 17 crimes com base nas leis de espionagem. Assange enfrenta até 175 anos de prisão.
- No dia 31, o relator da ONU sobre tortura, após se reunir com o australiano na prisão, considera que ele apresenta "todos os sintomas de tortura psicológica". No início de novembro, o relator afirma que o tratamento a Assange coloca "em risco" sua vida.
- Em 21 de outubro, o fundador do WikiLeaks aparece em pessoa pela primeira vez no tribunal de Westminster, confuso e balbuciando.
- Em 19 de novembro, a Promotoria sueca anuncia o abandono da investigação por estupro por falta de provas.
- Em 24 de fevereiro de 2020, a justiça britânica começa a examinar o pedido de extradição dos EUA, que é adiado devido à pandemia. Assange confirma sua recusa em ser extraditado. Sua companheira, a advogada Stella Morris, adverte que entregá-lo aos EUA resultaria em uma "pena de morte".
- Em 4 de janeiro de 2021, a juíza Vanessa Baraitser rejeita o pedido, considerando que as condições de prisão nos EUA poderiam levar ao risco de suicídio. A justiça britânica decide mantê-lo em detenção.
- Em 12 de fevereiro de 2021, Washington apela da recusa de extradição.
- A audiência de apelação começa em 27 de outubro. O advogado que defende os interesses americanos rejeita que haja risco de suicídio, afirmando que, em caso de extradição, Assange não seria confinado na prisão de alta segurança especial ADX em Florence (Colorado), que receberia a atenção médica e psicológica necessária e que poderia solicitar cumprir sua sentença na Austrália. Mas o advogado de Assange insiste que ainda existe "grande risco de suicídio".
- Em 10 de dezembro, o Tribunal Superior de Londres anula em apelação a recusa da extradição, considerando que os EUA deram garantias sobre o tratamento que seria dado ao fundador do WikiLeaks e a defesa de Assange apresenta um recurso.
- Em 14 de março de 2022, o Tribunal Superior britânico decide não admitir esse recurso.
- Em 20 de abril, o tribunal de Westminster Magistrates de Londres emite formalmente uma ordem de extradição.
- Em 17 de junho, a ministra do Interior britânica, Priti Patel, assina o decreto de extradição, que Assange apelou.
- Em 20 e 21 de fevereiro de 2024, ocorreu o julgamento em Londres para examinar o recurso do fundador do WikiLeaks contra sua extradição.
- Em 24 de junho de 2024, Assange alcança um acordo de culpabilidade com a justiça americana que lhe permite obter a liberdade.
- Assange deixa imediatamente o Reino Unido e deverá comparecer perante um tribunal federal das Ilhas Marianas do Norte, território dos EUA no Pacífico, acusado de "conspiração para obter e revelar informações relativas à defesa nacional".