O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, preso nesta quinta-feira (11) na embaixada equatoriana em Londres depois de perder a condição de asilado diplomático que foi concedida em 2012, foi levado pela polícia em virtude de um pedido feito pelas autoridades dos Estados Unidos, informou a Scotland Yard, sede central da Polícia Metropolitana de Londres .
"Assange foi preso (...) em nome das autoridades americanas", afirmou a polícia britânica em um comunicado. "Pesa contra ele uma ordem de extradição nos termos da Seção 73 da Lei de Extradição", acrescenta o texto.
Segundo a Scotland Yard, a polícia foi convidada pelo embaixador do Equador para ir ao local. Conforme nota oficial, Assange foi levado para uma delegacia do centro de Londres, onde permanecerá até audiência com um juiz "o mais rápido possível".
O Equador alega que revogou o asilo diplomático concedido em 2012 a Assange por violar "repetidamente as regras" que regeram sua permanência na sede diplomática.
— A conduta desrespeitosa e agressiva de Julian Assange e as declarações descorteses e ameaçadoras de sua organização aliada contra o Equador levaram a situação a um ponto em que o asilo é insustentável e inviável — disse o presidente do Equador, Lenín Moreno, em um vídeo transmitido pelas redes sociais.
Moreno afirmou ainda que seu governo "soberanamente" e deu por encerrada a proteção oferecida em sua embaixada, onde o australiano de 47 anos permaneceu por quase sete anos.
Violações de acordo
Assange se refugiou na sede equatoriana em meados de 2012, pedindo proteção. Após dois meses de confinamento, o então presidente Rafael Correa (2007-2017) concedeu asilo diplomático em agosto do mesmo ano. Na época, Assange estava enfrentando uma ordem de prisão europeia. A Suécia reivindicava sua extradição por acusações — que posteriormente foram arquivadas — de alegados crimes sexuais.
No entanto, Londres se recusou a dar a ele um salvo-conduto, e a Justiça britânica pediu sua prisão por violar as condições de liberdade vigiada no caso aberto na Suécia, que foi então arquivado.
O especialista em computação sempre sustentou que tudo era um plano dos Estados Unidos para submetê-lo à sua jurisdição e fazê-lo pagar com a pena de morte o vazamento de milhares de segredos oficiais através de seu portal WikiLeaks. A respeito disso, o presidente do Equador afirmou ter recebido a garantia do Reino Unido de que "Assange não seria entregue em extradição para um país onde ele poderia sofrer tortura, ou pena de morte".
— O governo britânico confirmou isso por escrito, em conformidade com suas próprias regras — afirma. — O Equador cumpriu suas obrigações sob a lei internacional. Assange violou repetidamente disposições expressas das convenções diplomáticas de asilo — informou o presidente equatoriano.
De acordo com Moreno, o fundador do WikiLeaks infringiu "particularmente a regra de não intervir nos assuntos internos de outros Estados".
— Ele instalou equipamentos eletrônicos de distorção não permitidos, bloqueou as câmeras de segurança da missão do Equador em Londres, atacou e maltratou guardas da sede diplomática, acessou sem permissão os arquivos de segurança da nossa embaixada —acrescentou Moreno.
Em 2017, o Equador garantiu a Assange a nacionalidade equatoriana e o nomeou conselheiro na embaixada em Moscou para que ele pudesse deixar o Reino Unido protegido por imunidade diplomática. Londres nunca reconheceu essa designação, o que levou o governo equatoriano a cancelar a nomeação.