O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, se declarará culpado na acusação de espionagem e roubo de documentos sigilosos, como parte de um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. O acordo, revelado em documentos judiciais apresentados nesta segunda-feira (24), põe fim a uma longa saga jurídica que se estendeu por mais de um continente e permitirá que Assange volte a morar na Austrália. Segundo o WikiLeaks, ele foi libertado da prisão do Reino Unido onde esperava uma extradição aos EUA e retornou ao país natal na noite desta segunda.
Assange deve comparecer na quarta-feira (26) ao tribunal federal nas Ilhas Marianas, um território dos Estados Unidos no Pacífico Ocidental, para se declarar culpado de uma acusação criminal de espionagem, por conspirar para obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais de defesa nacional, disse o Departamento de Justiça em uma carta apresentada em Corte. Após a audiência, ele estará oficialmente livre das acusações.
A confissão de culpa traz uma conclusão ao caso. Assange, editor do WikiLeaks, se tornou conhecido mundialmente e seu caso provocou um debate sobre liberdade de imprensa dentro e fora dos EUA.
Seus defensores dizem que ele agiu como um jornalista ao expor irregularidades militares dos EUA. Os investigadores, por outro lado, afirmaram repetidamente que as suas ações violaram leis destinadas a proteger informações sensíveis e colocaram em risco a segurança nacional.
A audiência ocorre nas Ilhas Marianas devido à oposição de Assange em viajar para o território continental dos EUA e à proximidade da Corte com a Austrália.
O acordo garante que Assange admitirá a culpa, ao mesmo tempo que o poupará de qualquer pena adicional de prisão. Ele passou anos escondido na embaixada do Equador em Londres depois que as autoridades suecas solicitaram sua prisão sob acusações de estupro, antes de ser preso no Reino Unido.
Os promotores concordaram com uma sentença equivalente aos cinco anos que Assange já passou em uma prisão britânica de segurança máxima enquanto lutava para evitar a extradição para os EUA para enfrentar acusações, um processo que se desenrolou em uma série de audiências em Londres.
No mês passado, ele ganhou o direito de recorrer de uma ordem de extradição depois dos seus advogados argumentarem que o governo dos EUA forneceu garantias "claramente inadequadas" de que ele teria as mesmas proteções à liberdade de expressão que um cidadão americano se fosse extraditado do Reino Unido.
A acusação do Departamento de Justiça revelada em 2019 acusava Assange de encorajar e ajudar a analista de inteligência do Exército dos EUA, Chelsea Manning, a roubar telegramas diplomáticos e arquivos militares que o WikiLeaks publicou em 2010. Os promotores acusaram Assange de pôr em risco a segurança nacional ao publicar documentos que prejudicaram os EUA e seus aliados e ajudaram adversários.
Os documentos expuseram segredos militares americanos no Iraque e no Afeganistão, além de conversas de diplomatas do Departamento do Estado no mundo todo.