O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou, ontem, que a ofensiva aérea no domingo, que matou 45 pessoas na cidade de Rafah, ao sul da Faixa de Gaza, foi um "acidente trágico". O governo israelense lamentou as vidas perdidas e disse que o caso será investigado.
Um ataque aéreo israelense atingiu um campo de deslocados em Tal al-Sultan, na cidade de Rafah. O bombardeio provocou incêndio que se alastrou rapidamente pelas tendas.
A parte da cidade de Rafah atingida estava fora da área de retirada obrigatória determinada por Israel, segundo o jornal americano The Washington Post. Ela teria sido designada como zona humanitária para onde moradores deveriam buscar abrigo antes de uma ofensiva terrestre preparada por Israel contra a cidade.
— Apesar de nossos esforços máximos para não prejudicar civis inocentes, na noite passada, houve um trágico erro. Estamos investigando o incidente e obteremos uma conclusão porque esta é a nossa política — disse Netanyahu em um discurso ao Parlamento de Israel.
A ofensiva, que matou mulheres e crianças, é considerado como uma das mais violentas desde o início da guerra, em outubro de 2023. O Ministério da Saúde de Gaza, ligado à organização terrorista Hamas, disse que cerca de metade dos mortos eram mulheres, crianças e idosos.
Israel mantém a pressão sobre o grupo terrorista com o objetivo de exterminá-lo e liberar mais de cem pessoas mantidas como reféns desde outubro do ano passado.
As Forças de Defesa de Israel afirmaram que tiveram como alvo um "centro de operações do Hamas". Elas alegaram ter usado "munições precisas" e agiram com "base em informações precisas", mas admitiram que "vários civis" foram afetados. Em uma segunda declaração, Israel afirmou que dois líderes do Hamas foram mortos no ataque.
Netanyahu pediu que civis não envolvidos no conflito se retirem da região, para que as mortes inocentes sejam minimizadas, e voltou a acusar o Hamas de se esconder em meio à população. Na sexta-feira, a Corte Internacional de Justiça ordenou que Israel parasse com a ofensiva na cidade.
Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) concordaram, ontem, em convocar uma reunião com Israel para que explique suas ações militares em Rafah, no âmbito de seu acordo de cooperação, informou o chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou o bombardeio israelense que "matou vários civis inocentes que apenas buscavam refúgio neste conflito mortífero". "Já não há lugar seguro em Gaza. Este horror deve parar", acrescentou Guterres em uma publicação nas redes sociais. O governo dos Estados Unidos se declarou "impactado" pelas imagens do bombardeio israelense e pediu a Israel para "tomar todas as precauções para proteger todos os civis".