Os membros do Conselho de Segurança da ONU não chegaram a um consenso durante a reunião de emergência convocada para este domingo (14). O encontro foi realizado para tratar do ataque com drones e mísseis do Irã contra Israel, no sábado (13).
Na reunião, que começou por volta das 17h (horário de Brasília), em Nova York, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que "nem a região nem o mundo podem se permitir mais guerras". Ele reiterou também sua condenação ao ataque lançado no sábado (13) pelo Irã contra Israel, denunciando uma "grave escalada".
— O Oriente Médio está à beira do abismo. Os povos da região enfrentam um perigo real de conflito generalizado e devastador. Este é um momento para a desescalada e a distensão. É hora de mostrar a máxima moderação — insistiu. — É vital evitar qualquer ação que possa levar a grandes confrontos militares em múltiplos fronts no Oriente Médio — acrescentou.
Ao mesmo tempo, Guterres criticou mais uma vez o ataque ao consulado iraniano em Damasco em 1º de abril, atribuído a Israel, enfatizando o "princípio de inviolabilidade" das representações diplomáticas.
No sábado, o Irã atacou Israel com mísseis e drones, segundo confirmaram os dois países. Conforme o exército israelense, o Irã enviou "um enxame de 300 drones assassinos, mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro" durante a noite de sábado para domingo, um ataque que os israelenses afirmam ter frustrado em grande parte.
O Irã afirma que atacou Israel em resposta a uma suposta ofensiva israelense ao complexo da embaixada iraniana na Síria, em 1º de abril, que matou os principais comandantes da Guarda Revolucionária e ocorreu após meses de confrontos entre Israel e aliados regionais do Irã.
Há receio de uma escalada no conflito, que poderia contar o envolvimento de outros países, com maior capacidade militar.
Manifestações de Israel e Irã
Na reunião, o embaixador de Israel nas Nações Unidas, Gilad Erdan, afirmou o país "tem todo o direito de retaliar o ataque do Irã", realizado no sábado. Ainda comparou os ataques do Irã ao regime nazista, como mostrou a CNN Brasil.
— O ataque de ontem cruza todas as linhas vermelhas, e Israel tem todo o direito de retaliar. Não somos um sapo numa panela fervendo, somos um país de leões. Há anos, o mundo vem assistindo à ascensão dos xiitas como foi a ascensão do nazismo. O Irã vem violando às resoluções do Conselho de Segurança e a Carta da ONU há anos. O mundo deve parar as ações criminosas do Irã — disse o diplomata israelense, que mostrou vídeos que mostram o ataque a Israel.
Já o embaixador do Irã na ONU, Saeid Iravani, afirmou que a ação do país contra Israel foi necessária e proporcional, e teve como alvo apenas bases militares. Autoridades do Irã já haviam mencionado que o ataque contra Israel seria para "encerrar assunto" e que os EUA devem "ficar de fora" do conflito.
Como os EUA se posicionaram
Por sua vez, os Estados Unidos condenaram, durante a reunião, o ataque contra Israel. Na sessão, os EUA acusaram o Irã de não cumprir as obrigações com relação ao direito internacional, e defenderam que o colegiado da ONU não deixasse sem resposta as ações do país.
O presidente dos EUA, Joe Biden, já havia anunciado o país não participará de possível ofensiva contra o Irã, caso Israel decida por retaliar.
— Os Estados Unidos não buscam a escalada da tensão. Nossas ações são defensivas em sua natureza. Para prevenir a escalada, é preciso a condenação desse ataque inédito do Irã e seus aliados contra Israel para evitar ataques futuro — afirmou o representante norte-americano, o diplomata Robert A. Wood.