A forma como o Ministério do Esporte (MEsp) disponibilizou o uso da verba destinada ao "Remar para o Futuro" não satisfaz totalmente as necessidades do projeto. É o que diz o coordenador Fabrício Boscolo, em conversa com Zero Hora neste sábado (28). Ele afirmou que as restrições impostas fogem ao que havia sido prometido.
Na sexta-feira (27), o Remar chegou a ser comunicado de que não receberia nenhum valor do MEsp, que voltou atrás e publicou uma nota à noite garantindo o repasse R$ 753 mil ao projeto. Nove pessoas da iniciativa de Pelotas morreram após um acidente no interior do Paraná no mês de outubro.
À época do acidente, o Ministério do Esporte se comprometeu a repassar R$ 600 mil ao projeto. Isso foi combinado depois de uma reunião no fim de outubro entre o ministro da pasta, André Fufuca, o deputado Alexandre Lindenmeyer (PT) e a reitora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Isabela Andrade.
Na sexta-feira, o Remar recebeu a informação de que não iria mais ter acesso aos valores, pois o dinheiro que seria destinado pertencia a outra entidade que naquele momento não cumpria com os requisitos necessários e passou a cumprir.
À noite, o Ministério anunciou o repasse de R$ 753 mil, um valor maior do que o inicial. O que desagradou foi a forma como se dará o acesso à verba.
— Hoje (sábado) a conversa com os técnicos do Ministério é de que o Remar só poderá executar esse valor com verbas de custeio. Diferente do prometido. A gente poderá pagar serviços de terceiros, pagar materiais de consumo, bolsa para estudantes que trabalham como monitores. Serve para isso, mas não podemos comprar remos, barcos, equipamentos. O esforço é não perder esse dinheiro, mas nem de perto atenderá as demandas do projeto — declarou o coordenador do Remar Fabrício Boscolo neste sábado.
— Isso é diferente. (Foi falado) Que eu deveria destinar um terço para custeio e dois terços para materiais. Isso mudou. Eu conseguirei manter (o projeto) funcionando nas condições atuais, mas precisamos de equipamentos novos. A gente vai buscar esses recursos de outra forma — seguiu Boscolo, que ressalta, no entanto, que a verba destinada ainda será importante para o projeto.
— Mas é importante esclarecer também que essa verba vai ajudar bastante o projeto, mas não é o que havia sido compactuado anteriormente — finalizou.
Conforme matéria publicada na data que marcou os dois meses do acidente, a sede do projeto carece de melhorias. Uma rampa, utilizada para transportar os barcos até a água, foi danificada após um temporal e está interditada. O galpão, onde os equipamentos são armazenados, apresenta problemas no telhado. Além disso, a embarcação de apoio usada nos treinamentos também está com problemas.
Zero Hora entrou em contato com o Ministério do Esporte neste sábado (28), mas não teve resposta.
Sobre o Projeto
O projeto "Remar para o Futuro" é fruto de parceria entre a UFPel, a prefeitura e o Clube Centro Português 1º de Dezembro. O objetivo é a socialização de alunos da rede pública municipal por meio do esporte.
Desde o acidente, o projeto — que completa 10 anos em 2025 — está com 15 vagas abertas para novos atletas. Elas deverão ser preenchidas por estudantes da rede municipal de ensino da cidade.
Ao todo, 35 estudantes foram pré-selecionados, por meio de avaliações antropométricas (envergadura e massa corporal) e físicas (resistência, força, velocidade e flexibilidade). Os que não foram selecionados, mas se enquadrarem nos parâmetros e tiverem interesse, podem entrar em contato pelas redes sociais do projeto.