O Irã atacou Israel com mais de cem mísseis e drones neste sábado (13), segundo confirmaram os dois países. O espaço aéreo de Israel está fechado desde as 18h30 (de Brasília). As Forças de Defesa de Israel pediram que residentes das Colinas de Golã, Nabatim, Dimona e Eilat busquem abrigo em áreas protegidas, em meio a múltiplos ataques do Irã e do Hezbollah. Os ataques começaram a ser interceptados a partir das 20h deste sábado, horário de Brasília.
"Dezenas de lançamentos de mísseis terra-superfície do Irã foram identificados aproximando-se do território Israelense. O Sistema de Defesa Aérea das FDI interceptou com sucesso a maioria dos lançamentos (...), juntamente com os aliados estratégicos de Israel, antes que cruzassem o território israelense. Foi identificado um pequeno número de ataques, inclusive em uma base das FDI no sul de Israel, onde foram causados pequenos danos à infraestrutura", disseram as forças armadas israelenses no final da noite deste sábado.
A agência de notícias estatal iraniana IRNA afirma que a base aérea de Nevatim, no deserto de Negev, foi atingida por mísseis balísticos iranianos. As Forças de Defesa de Israel não confirmam que o ataque atingiu algum alvo. Ainda segundo a agência estatal iraniana, a cidade de Arad, a oeste de Beer-Sheba, também foi atingida.
Em um comunicado nas redes sociais, a missão permanente da república islâmica na Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que "o assunto pode ser considerado concluído", e que foi uma resposta ao ataque que matou oficiais da Guarda Revolucionária iraniana em Damasco.
"Caso o regime israelita cometa outro erro, a resposta do Irã será consideravelmente mais severa. É um conflito entre o Irã e o regime israelita desonesto, do qual os EUA DEVEM FICAR LONGE!", declarou a postagem.
A origem dos ataques
O Irã prometeu responder "na mesma moeda" ao que afirma ter sido um ataque aéreo israelense ao edifício do consulado iraniano em Damasco, que matou sete membros da Guarda Revolucionária, incluindo o general de brigada Mohammad Reza Zahedi. O ataque aconteceu no dia 1º de abril. Israel não reivindicou a responsabilidade pelo bombardeio.
Neste sábado, iranianos interceptaram um navio cargueiro operado por uma empresa "pertencente ao sionista Eyal Ofer" no Golfo, neste sábado. O exército israelense alertou que o Irã "sofrerá as consequências" em caso de escalada.
O país persa também advertiu que não hesitará em tomar mais ações defensivas para proteger o seus interesses, conforme comunicado do ministério de Relações Exteriores. Na nota, o órgão reforça que a ofensiva representou uma resposta a repetidas investidas militares israelenses. Teerã reafirma o compromisso com os princípios da Carta das Nações Unidas, mas diz que vai seguir defendendo "decisivamente" sua soberania e integridade territorial.
Já a Guarda Revolucionária do Irã afirmou que qualquer ameaça dos EUA, Israel ou outros países será seguida por uma retaliação "recíproca e proporcional". Na nota, a Guarda acusa Washington de ser responsável pelas ações dos aliados israelenses.
O que diz o Brasil
Às 23h09 deste sábado, o governo do Brasil divulgou uma nota na qual afirma acompanhar com "grave preocupação" os ataques iranianos a Israel, e pede "máxima contenção" para "mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada do conflito".
"O Governo brasileiro recomenda que não sejam realizadas viagens não essenciais à região e que os nacionais que já estejam naqueles países sigam as orientações divulgadas nos sítios eletrônicos e mídias sociais das embaixadas brasileiras. O Itamaraty vem monitorando a situação dos brasileiros na região, em particular em Israel, Palestina e Líbano desde outubro passado.
Repercussão internacional
Após o ataque iraniano a Israel na madrugada deste domingo, horário local, algumas nações já se manifestaram em apoio a Israel e condenando a ofensiva.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, condenou a escalada das tensões militares representada pelo ataque amplo do Irã contra Israel. Guterres se disse "profundamente alarmado" com o risco de um conflito amplo no Oriente Médio e pediu que todos os atores envolvidos exerçam "máxima restrição" para evitar confrontos.
— Tenho enfatizado repetidamente que nem a região nem o mundo podem permitir-se outra guerra — ressaltou o secretário-geral da ONU.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reforçou o apoio "inflexível" do país à segurança de Israel contra ameaças do Irã e aliados. O compromisso foi reforçado em publicação no X (antigo Twitter), neste sábado, em que o democrata informa ter discutido o ataque iraniano durante reunião com a equipe de segurança nacional na Casa Branca.
A postagem inclui uma fotografia do encontro, na qual é possível identificar a presença dos secretários de Estado, Antony Blinken, e Defesa, Lloyd Austin, além de outras autoridades.
Na mesma rede social, o alto representante da União Europeia (UE) para relações estrangeiras, Josep Borrell, condenou "veementemente" o ataque do Irã contra Israel. "Essa é uma escalada sem precedente e uma grave ameaça à estabilidade regional", publicou.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, divulgou um comunicado condenando a investida do regime iraniano contra Israel neste sábado (13).
"Condeno nos mais fortes termos o ataque irresponsável do regime iraniano contra Israel", declarou Sunak.
O ministro das Relações Exteriores da França, Stéphane Séjourné, condenou "veementemente" o ataque do Irã contra Israel. Também usando das redes sociais, Séjourné disse que a ação "sem precedentes" dos iranianos representa mais uma medida desestabilizadora e pode levar a uma escalada militar.
Reunião do Conselho de Segurança
Israel solicitou a realização de reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas para discutir os ataques do Irã ao país. Em um comunicado divulgado neste sábado, o embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, instou o órgão a condenar as ações iranianas e a declarar a Guarda Revolucionária uma organização terrorista.
"O ataque iraniano constitui uma grave ameaça à paz e à segurança globais e espero que o Conselho utilize todos os meios para tomar medidas concretas contra o Irã", exortou o representante de Israel.
Erdan acrescentou que o país persa lançou mais de 200 drones, mísseis cruzeiros e mísseis balísticos contra Israel, no que classifica como uma "clara violação" da Carta da ONU.