O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, garantiu que dará uma "passagem segura à população civil" antes da ofensiva na cidade de Rafah, localizada no sul da Faixa de Gaza, na fronteira com o Egito, durante entrevista à ABC News, transmitida neste domingo (11).
Diante da preocupação da comunidade internacional sobre um potencial massacre na região que abriga mais de 1 milhão de palestinos deslocados, Netanyahu afirmou que a ofensiva é fundamental para destruir o Hamas e rejeitou os temores de uma "catástrofe".
— Aqueles que dizem que não se deve entrar em Rafah estão dizendo, na realidade, que é preciso perder a guerra e deixar o Hamas no lugar. A vitória está a nosso alcance. Nós vamos conseguir. Vamos acabar com os batalhões terroristas restantes do Hamas e com Rafah, que é o último reduto — declarou o premiê israelense à ABC News.
Segundo o primeiro-ministro, as forças israelenses realizarão a ofensiva enquanto dão "uma passagem segura à população civil para que possa sair" da cidade, afirmou, mencionando que estão trabalhando em um "plano detalhado". Netanyahu citou áreas do norte de Rafah que foram liberadas e poderiam ser usadas como zonas seguras para civis.
O movimento islamista palestino alertou, por sua vez, para a possibilidade de "dezenas de milhares" de vítimas neste território.
Segundo o alto representante da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, uma ofensiva em Rafah causaria "uma catástrofe humanitária indescritível".
Os Estados Unidos, principal aliado e apoio militar de Israel, não são favoráveis à ofensiva terrestre em Rafah e alertaram que, se não planejados de forma apropriada, os planos para invadir este território poderiam causar um "desastre".
O presidente norte-americano, Joe Biden, disse a Netanyahu durante um conversa neste domingo que uma operação militar em Rafah "não deve ser executada sem um plano crível e realizável que garanta a segurança e o apoio aos mais de um milhão de pessoas que estão lá", informou a Casa Branca.
Os números de Netanyahu
O Ministério da Saúde em Gaza, controlado pelo Hamas, afirma que a incessante ofensiva israelense em resposta aos ataques de 7 de outubro deixou pelo menos 28.176 mortos, a maioria deles mulheres e crianças. No entanto, Netanyahu disse à ABC News que o número de civis, comparado ao total de mortes, é muito menor.
— Posso dizer que, segundo nossos especialistas em guerra urbana e outros analistas, reduzimos a proporção de terroristas frente às vítimas civis para menos de 1 para 1 (...) e faremos mais — afirmou.
Confome o primeiro-ministro, as forças israelenses "mataram e feriram mais de 20 mil terroristas do Hamas, incluindo 12 mil combatentes". Ele não especificou a diferença entre "terroristas" e "combatentes".
O último balanço israelense do conflito foi divulgado em 9 de janeiro, quando anunciou a morte de cerca de 9 mil combatentes do grupo islamista palestino.
Biden fez duras críticas a Israel na quinta-feira (8), classificando a resposta israelense ao ataque do Hamas como "excessiva". Sobre a afirmação, Netanyahu disse que aprecia o "apoio de Biden a Israel desde o início da guerra", mas que não "entende exatamente o que quis dizer com esta declaração".
O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando combatentes do Hamas mataram cerca de 1.160 pessoas, a maioria civis, e sequestraram em torno de 250 no sul de Israel, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelenses.