O presidente de Guiana, Irfaan Ali, negou na terça-feira (12) que a reunião prevista para quinta-feira (14) com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, abordará a disputa territorial entre os dois países. Irfaan insiste que é um caso que deve ser resolvido na Corte Internacional de Justiça (CIJ).
"Já deixamos claro que a CIJ decidirá a controvérsia sobre as fronteiras entre a Guiana e a Venezuela. Nos mantemos firmes nesta questão e ela não está aberta a discussão", disse Ali nas redes sociais ao divulgar uma carta que enviou a Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, anfitrião do encontro entre os chefes de Estado.
Nicolás Maduro confirmou que se reunirá com o presidente da Guiana. A reunião ocorrerá em São Vicente e Granadinas, país do Caribe. No entanto, Maduro reafirmou também o direito "legítimo" da Venezuela sobre Essequibo e disse que vai querer debater, no encontro, a "interferência" dos Estados Unidos na disputa.
Citando um comunicado de 8 de dezembro dos chefes de Estado da Comunidade do Caribe (Caricom), a carta destaca que o encontro buscará "desescalar o conflito por meio de um diálogo apropriado" e "evitar o uso ou ameaça de uso da força".
"Tenho um mandato da Assembleia Nacional da Guiana, que foi unânime em sua decisão de que a controvérsia limítrofe não é um assunto de discussões bilaterais e que a questão está apropriadamente na Corte Internacional de Justiça", insiste Ali no documento.
A Venezuela não reconhece a jurisdição da CIJ no caso.
Esta é a segunda carta de Ali para Gonsalves, desta vez em resposta a uma comunicação enviada por Maduro na segunda-feira (11), na qual celebrava a reunião para "abordar diretamente a controvérsia territorial". O governante da Guiana se referiu a esse e outros pontos no documento de seu homólogo venezuelano como "imprecisões".
Promovida pela Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e Caricom, a reunião ocorre em meio a tensões pelo Essequibo, território de 160 mil km² rico em petróleo e recursos naturais administrado por Georgetown, mas reivindicado por Caracas, em uma disputa intensificada pela descoberta de depósitos de petróleo em águas disputadas pela ExxonMobil.
Maduro promoveu em 3 de dezembro passado um referendo consultivo no qual foi aprovada a criação de uma província venezuelana na região e a concessão de nacionalidade a seus habitantes. Ali levou o caso ao Conselho de Segurança da ONU e intensificou os contatos com os Estados Unidos.
O presidente da Guiana também classificou como uma "afirmação enganosa" a denúncia do governo de Maduro sobre concessões petrolíferas da Guiana em uma "zona marítima ainda por delimitar".
Maduro questionou o "envolvimento" dos Estados Unidos. "Qualquer alegação de que existe uma operação militar dirigida contra a Venezuela em qualquer parte do território da Guiana é falsa, enganosa e provocativa", respondeu Ali.