O presidente da Guiana, Irfaan Ali, confirmou, neste sábado (9), que irá à reunião com seu contraparte venezuelano, Nicolás Maduro. Disse que manterá posição "firme" a respeito da disputa centenária sobre o Essequibo, que aumentou as tensões entre os dois países.
O encontro está previsto para a próxima quinta-feira, 14 de dezembro, em São Vicente e Granadinas e será realizado com apoio da Comunidade de Estados Latino-americanos (CELAC), da Comunidade do Caribe (CARICOM) e um secretário-adjunto das Nações Unidas.
Participarão do encontro o presidente da CELAC e o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi convidado ao encontro pelas partes guianense e venezuelana.
— Estou firme em que a controvérsia (territorial) está com a Corte Internacional de Justiça (CIJ) e não é para negociações, e isso não vai mudar. A Guiana está plenamente comprometida com o processo da Corte Internacional de Justiça e o resultado da corte — disse Ali
Caracas reivindica a soberania sobre o território do Essequibo há mais de um século, embora a disputa tenha se reativado após a descoberta de grandes jazidas de petróleo pela gigante americana de energia ExxonMobil, das quais a Guiana, que administra a região, dispôs.
Caracas realizou um polêmico referendo no domingo passado, no qual 95% dos eleitores apoiaram declarar a Venezuela como a detentora legítima da região, e impulsionou Maduro a ordenar que a petroleira estatal PDVSA emita licenças para autorizar a extração de petróleo no local.
As tensões aumentaram desde então. A Guiana denuncia uma "ameaça direta" a sua soberania e levou o tema ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.
— Continuaremos trabalhando com nossos parceiros nos numerosos exercícios conjuntos que temos e promoveremos todos os investimentos que temos em todos os condados de todas as regiões deste país, que continuam e continuarão sendo seguras — acrescentou Ali.
Esta semana, os Estados Unidos anunciaram exercícios militares na Guiana.
A Venezuela sustenta que o Essequibo faz parte de seu território, como em 1777, quando era colônia da Espanha. E apela ao acordo de Genebra, assinado em 1966, antes da independência da Guiana do Reino Unido, que estabelecia as bases para uma solução negociada, anulando um laudo de 1899.
A Guiana, por sua vez, defende o laudo de 1899 e quer que a CIJ o ratifique.