A ajuda internacional direta que os povos indígenas recebem é uma fração do total e mal permite o funcionamento de seus grupos, de acordo com relatórios apresentados durante a COP28 em Dubai, nos Emirados Árabes.
Uma coalizão de doadores institucionais e privados reconheceu em seu relatório anual que apenas 2,1% dos seus US$ 494 milhões desembolsados em 2022 (R$ 2,5 bilhões, na conversão do mesmo ano) chegaram diretamente às comunidades indígenas.
Dos 494 milhões, "aproximadamente 8,1 milhões chegaram diretamente aos povos e comunidades indígenas", destacou o texto da aliança, conhecida pelo comprometimento com a posse florestal.
O projeto, lançado há dois anos na conferência climática de Glasgow (COP26), consiste em uma aliança de Estados ocidentais e grandes fundações, como a Ford, que forneceram os fundos e a formação necessária aos povos indígenas para obter a titularidade de suas terras.
Para esse objetivo, foi anunciado em Glasgow um total de US$ 1,7 bilhão (R$ 8,3 bilhões na cotação atual), do qual cerca da metade já foi desembolsada.
No ano passado, no entanto, apenas 2,1% chegou diretamente aos povos originários da América Latina, África e Ásia. Isso representa uma queda em relação aos 2,9% de doações diretas em 2021.
"Esse valor baixo é decepcionante", reconhece o comunicado de imprensa do relatório, apresentado na sexta-feira em Dubai.
Outro relatório, apresentado neste domingo pela Aliança Global de Comunidades Territoriais (Gatca), detalha os modestos orçamentos com os quais contam para defender suas causas.
A Gatca, que reúne comunidades indígenas de 24 países tropicais, e seu relatório permitem visualizar "que poucas organizações da rede operam com orçamentos superiores a US$ 200.000" (R$ 983.700) indica o texto.
"Muitas organizações locais têm um orçamento inferior a US$ 10.000" (R$ 49.185), mas precisam "fazer muito com pouco dinheiro", acrescenta.
Estima-se que mais de um terço das florestas virgens do planeta são o lar de povos originários.