Candidato da coalização de direita La Libertad Avanza, o economista Javier Milei surpreendeu ao vencer as prévias de agosto com 30% dos votos. Ele defende a proposta de dolarização da economia argentina, que divide opiniões a respeito da viabilidade da medida entre seus colegas economistas.
A pauta foi alvo de um abaixo-assinado de 170 especialistas que apontam as razões pelas quais a ideia não funcionaria. Por outro lado, é assessorado por ex-ministros do governo Menem, o que não impede que sobre ele recaiam questionamentos sobre a capacidade de erguer uma estrutura de governo capaz de superar, além das barreiras econômicas, o complexo sistema político do país.
Milei carrega alguns rótulos, se autodefine como um “anarcocapitalista” e defensor de valores econômicos “liberais libertários”. O DNA de sua ascensão meteórica é a exposição prolongada em programas populares de auditório na TV argentina.
Além disso, o candidato da extrema-direita faz uso excessivo das redes sociais, com discursos que pregam, entre outras polêmicas, o acesso facilitado às armas para a população, um governo técnico composto de apenas oito ministérios, e a criação de um mercado privado para o transplantes de órgãos.
Além disso, declarou que não pretende negociar com a China e quer retirar a Argentina do Mercosul. Literalmente, nem o Papa Francisco escapa das críticas do candidato, que considerou o primeiro pontífice sul-americano e argentino da história como "um representante do maligno”.
Milei tem mesma linha econômica que Paulo Guedes
A formação liberal do candidato tem pilares na escola de Chicago, a mesma de Paulo Guedes, o ex-ministro da economia de Bolsonaro. Trata-se de mais um elemento de proximidade com o ex-presidente do Brasil. Entretanto, o fenômeno Milei tem trânsito com públicos mais diversos, dentre os quais os jovens argentinos.
“El Peluca” como é chamado, em referência aos cabelos longos e desgrenhado, já foi goleiro da base do Chacarita Juniors, lendário clube argentino com fama de ter uma das torcidas mais violentas do mundo, e vocalista da banda de rock cover dos Rolling Stones. Isso o torna um “rolinga”, gíria usada para definir um fã e seguidor do grupo inglês, na Argentina.
Exposição midiática de Milei
Milei já namorou a cantora Daniela Mori, autora da música “Bomba Tántrica”, em sua homenagem e em referência ao período em que o vencedor das prévias argentinas diz ter sido instrutor de sexo tântrico.
Em agosto, simultaneamente às prévias, assumiu o relacionamento de dois meses com a humorista Fátima Florez, conhecida por imitações de Cristina Kirchner, a atual vice-presidente da argentina, ex-primeira dama (2003 a 2007) e ex-presidente (2007 a 2015) do país.
Na Argentina, em que o culto a Evita Perón, esposa de Juan Peron, sobrevive à passagem do tempo, há quem diga que Cristina Kirchner, um dos expoentes do peronismo no país, e alvo de críticas contundentes da extrema-direita argentina, pode voltar à posição de primeira-dama. Desta vez, na figura da humorista Fátima Florez e suas sátiras televisivas.