Israel continuou concentrando tropas perto da Faixa de Gaza neste domingo (15), em preparação para uma invasão do território palestino, onde os bombardeios desencadeados após a ofensiva do Hamas já deixaram mais de 2,6 mil mortos e um milhão de deslocados.
Desde sexta-feira (13), o exército israelense insiste que os 1,1 milhão de habitantes do norte de Gaza partam para o sul, por conta do plano de incursão no ponto, atualmente sitiado por dezenas de milhares de soldados.
As tropas aguardam a ordem para entrar no território palestino. O exército de Israel afirma que o objetivo é desmantelar o Hamas, que governa Gaza desde 2007,. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu destruir o grupo ao qual se referiu como de "monstros sanguinários".
No sábado (14), o líder político visitou as tropas e avisou que a ofensiva ainda está longe de terminar.
— Estão preparados para o que está por vir? Vai continuar — declarou em seu discurso às guarnições.
Nono dia de bombardeios
Enclave de 362 km², onde vivem mais de 2,3 milhões de habitantes, Gaza é cenário de bombardeios diários desde a ofensiva lançada pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro. O ataque, o mais mortal que o país sofreu desde sua criação em 1948, deixou mais de 1,4 mil mortos, em sua maioria civis, segundo o exército.
Os comandos do Hamas, organização classificada como terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia (UE) e Israel, também capturaram 155 pessoas que mantêm como reféns. Em Gaza, os bombardeios até agora mataram 2.670 pessoas, incluindo mais de 700 crianças, conforme autoridades locais. São, portanto, mais de 4 mil mortes em nove dias de conflito nos dois lados.
Os ultimatos de Israel para evacuar o norte do território provocaram um deslocamento "em massa" da população, indicou o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). Segundo a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA), há cerca de um milhão de deslocados e esse número ameaça aumentar.
O Egito controla a única passagem terrestre para Gaza que não está sob controle israelense, o posto de Rafah, que permanece fechado, deixando os habitantes de Gaza literalmente encurralados no enclave.
Temor de conflito regional
A situação em Gaza preocupa tanto pelo aspecto humanitário quanto pelo potencial de provocar uma conflagração regional, dizem autoridades. A Liga Árabe e a União Africana afirmaram em um comunicado conjunto que uma invasão da Faixa de Gaza "poderia levar a um genocídio de proporções sem precedentes".
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Husein Amir Abdollahian, advertiu que "ninguém poderá garantir" o controle da situação se Israel invadir Gaza. Os Estados Unidos têm apoiado com firmeza Israel, mas também expressaram preocupação com a situação e temem que o conflito se espalhe.
Washington enviou dois porta-aviões ao Mediterrâneo oriental "para dissuadir ações hostis contra Israel", anunciou o secretário de Defesa americano, Lloyd Austin. O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, alertou para um possível "envolvimento direto" do Irã.
— Temos que nos preparar para qualquer eventualidade — enfatizou.
O movimento Hezbollah indicou na sexta-feira estar "preparado" para se juntar ao Hamas quando necessário.