Os temores de uma escalada regional do conflito entre Israel e o grupo islâmico palestino Hamas aumentaram neste domingo (15), com as informações de ataques no norte de Israel devido a foguetes lançados pelo Líbano.
Em um comunicado neste domingo à tarde, o Hezbollah reivindicou um novo ataque no norte de Israel, na área de Hanita, afirmando ter "matado e ferido vários soldados", destruído dois tanques Merkava e outro veículo militar. O Hamas, que também tem combatentes no Líbano, anunciou que havia disparado vários foguetes em direção ao norte de Israel.
Em contrapartida, caças israelenses atacam posições do Hezbollah no Líbano, e ocorrem trocas de tiros na fronteira, de acordo com porta-vozes militares hebreus. O quartel-general da Organização das Nações Unidas (ONU) foi atingido por um foguete em Naqura, no Líbano, mas ainda não se sabe a origem do disparo.
Em visita ao Catar, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Husein Amir-Abdollahian, alertou sobre uma possível "expansão do conflito".
— Se os ataques do regime sionista contra a população indefesa de Gaza continuarem, ninguém pode garantir o controle da situação — afirmou o chanceler iraniano em uma entrevista ao canal Al-Jazeera, do Catar. Israel comunicou no sábado (14) que está pronto para uma incursão terrestre em Gaza a qualquer momento.
Embora haja informações de que o Irã apoia financeira e militarmente o Hamas, a república islâmica rejeita as acusações de sua participação no ataque de 7 de outubro.
— O Irã não pode ficar de braços cruzados — também disse Amir-Abdollahian. Ele ponderou que os Estados Unidos também seriam afetados em caso de uma conflagração na região.
O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, afirmou neste domingo (15) à rede CBS que os desobramentos recentes mostram riscos para que as frentes de guerra se espalhem.
— Existe o risco de uma escalada deste conflito, da abertura de uma segunda frente no norte e, claro, do envolvimento do Irã. É um risco do qual somos conscientes desde o início do conflito — declarou Sullivan.
O ministro da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, anunciou no sábado que os Estados Unidos enviaram um segundo porta-aviões ao Mediterrâneo Oriental, com o objetivo de "dissuadir ações hostis contra Israel ou qualquer tentativa de estender esta guerra". Por sua vez, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, destacou que não se queria "ver outro grupo terrorista como o Hezbollah se expandindo e abrindo novas frentes".
Já a assessora especial da ONU para a prevenção de genocídios, Alice Wairimu Nderitu, mencionou em um comunicado neste domingo o "risco muito sério de uma escalada militar na região".O presidente francês, Emmanuel Macron, conversou com o do Irã, Ebrahim Raïssi, e advertiu "contra qualquer escalada ou extensão do conflito",
Confrontos no norte de Israel e no Líbano
Desde o início da guerra desencadeada após o ataque sem precedentes do Hamas em Israel, em 7 de outubro, os confrontos na fronteira deixaram uma dezena de mortos do lado libanês, principalmente combatentes, mas também um jornalista da Reuters e dois civis. Do lado israelense, pelo menos duas pessoas morreram.
Jake Sullivan destacou que não se pode descartar "um envolvimento direto" do Irã no conflito.
— É por isso que o presidente agiu tão rapidamente e de forma decisiva para movimentar um porta-aviões para o Mediterrâneo Oriental, para ter aviões no Golfo, porque enviou uma mensagem muito clara a qualquer Estado ou entidade que tentasse aproveitar esta situação — declarou também o assessor de segurança nacional da Casa Branca.
Autoridades israelenses indicaram que mais de 1,4 mil pessoas morreram em Israel durante o ataque do Hamas, a maioria civis, incluindo crianças, e mais de 155 israelenses foram feitos reféns. Em Gaza, a resposta israelense matou mais de 2.670 pessoas e feriu mais de 9.600, de acordo com autoridades locais. Assim, os confrontos ultrapassam os 4 mil óbitos.