A Ucrânia atacou nesta sexta-feira (22) o quartel-general da Marinha da Rússia em Sebastopol, na Crimeia, sede da frota russa no Mar Negro. Moscou respondeu com uma série de bombardeios contra a infraestrutura ucraniana, repetindo a estratégia do ano passado de causar o máximo de dano possível para prejudicar o fornecimento de energia com a chegada do inverno no Hemisfério Norte.
O Ministério da Defesa da Rússia disse inicialmente que um militar havia sido morto no ataque, mas depois emitiu outro comunicado dizendo que ele estava "desaparecido". O Kremlin também afirmou que os provedores de internet da Crimeia foram afetados por ciberataques "sem precedentes" horas após o bombardeio.
— Estamos corrigindo os cortes de internet na península — disse o assessor do governo russo na Crimeia, Oleg Kriuchkov.
Os ucranianos admitiram o ataque. Yuri Ignat, porta-voz da Força Aérea da Ucrânia, postou um vídeo que mostra sirenes aéreas e fumaça subindo do QG da Marinha russa, junto com uma mensagem de agradecimento aos pilotos.
— Queria ter feito um buraco maior, para ser honesto — disse ele em entrevista a um canal de TV da Ucrânia.
O ataque acontece em meio à intensificação dos bombardeios russos a infraestruturas no interior da Ucrânia, enquanto forças ucranianas continuam uma contraofensiva que avança lentamente no sul do país. Vídeos de reconhecimento analisados na quinta-feira (21) pelo New York Times mostram que blindados ucranianos conseguiram abrir uma brecha na linha de defesa russa na vila de Verbove, na região de Zaporizhzia.
Campo minado
A brecha sugere que semanas de combates sangrentos de infantaria garantiram uma abertura para passagem de armamento pesado, o que seria um passo para a Ucrânia expulsar as forças russas da região. No entanto, campos minados e barreiras antitanque à frente devem tornar a missão muito difícil antes da chegada do frio do inverno, quando as hostilidades devem diminuir.
Pensando nisso, a Rússia vem intensificando a destruição de usinas de energia e linhas de transmissão da Ucrânia. De acordo com o primeiro-ministro da Ucrânia, Denis Shmihal, Moscou teria disparado ontem mais de 40 mísseis de cruzeiro em diversas regiões.
— A fase de terror energético começou — disse.
Durante o inverno, no ano passado, as forças russas lançaram repetidos ataques à rede de energia da Ucrânia que deixaram milhões de pessoas sem eletricidade, aquecimento e água por um longo tempo. A estratégia levou a Ucrânia a reforçar as defesas aéreas com o apoio do Ocidente.
— Estamos mais bem preparados e mais fortes do que no ano passado. Mas, com certeza, o inverno será difícil — afirmou Smihal.
Esta semana, o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, citou em seu discurso da Assembleia-Geral da ONU a estratégia russa de atacar a infraestrutura do país. Os alimentos também foram citados por ele como "armas de guerra" da Rússia, em uma referência ao conflito no Mar Negro, que dizimou as exportações de grãos da Ucrânia.