David Mearns, um especialista em mergulho, afirmou em entrevista para a rede BBC, do Reino Unido, que entre os destroços encontrados por um robô nesta quinta-feira (22) há uma estrutura de pouso e uma tampa traseira que pertencem ao submersível Titan, que desapareceu no domingo (18).
Mearns é amigo de dois passageiros a bordo do Titan. Ele declarou à BBC que recebeu essa informação do presidente do Clube dos Exploradores, uma associação que participa das operações de busca pelo submersível.
Relembre o caso
No domingo, um submersível que levava cinco pessoas a bordo em direção aos destroços do navio Titanic — localizados a 3,8 mil metros de profundidade, no fundo do Oceano Atlântico — perdeu contato com a superfície após duas horas de descida.
Os destroços do Titanic, que naufragou em 1912, estão localizados a 650 quilômetros da costa do Canadá. Os mergulhos exclusivos para visitar o histórico transatlântico custam US$ 250 mil (aproximadamente R$ 1,19 milhão).
Durante a expedição, a equipe documenta o que sobrou do Titanic com câmeras de alta definição, que são capazes de monitorar a deterioração da embarcação e seus detalhes.
Como a capacidade do submersível é de cinco pessoas, a tripulação é composta por um piloto, três clientes e um funcionário que a empresa chama de "especialista em conteúdo".
Fim do oxigênio
Se a previsão da Guarda Costeira dos Estados Unidos estiver certa, o oxigênio do Titan acabou na manhã desta quinta-feira. Mas estimativa não é exata, e, a depender das condições a bordo, o ar respirável pode durar mais que o esperado, segundo declarações de especialistas na imprensa internacional.
À BBC News, o especialista em medicina hiperbárica da Memorial University, Ken LeDez, explicou que o pânico faria os tripulantes gastarem muito oxigênio, enquanto ficar juntos conservaria calor e o ar respirável.
— Depende do quão frio eles ficam e quão eficazes são na conservação de oxigênio — declarou LeDez.
Segundo ele, ficar sem oxigênio é um processo gradual e não acontece em um ritmo específico.
— Não é como apagar uma luz, é como escalar uma montanha: à medida que a temperatura fica mais fria e o metabolismo cai (depende) da velocidade com que você sobe essa montanha — acrescentou à BBC.
Um fator determinante para isso é a experiência dos tripulantes, entre eles o mergulhador e ex-comandante da Marinha francesa, Paul-Henri Nargeolet. Ele pode aconselhar o restante da tripulação a adotar estratégias para reduzir os níveis metabólicos e estender a duração do oxigênio. Stockton Rush, CEO e fundador da OceanGate, também tem larga experiência em expedições e pode fazer o mesmo, disseram especialistas.
As outras três pessoas a bordo são o empresário paquistanês e seu filho, Shahzada e Sulaiman Dawood, e o bilionário britânico Hamish Harding. Embora admita que não há como saber com exatidão o que se passa dentro do submersível, LeDez acrescenta que as condições podem variar de pessoa para pessoa.