De acordo com as estimativas, a reserva de ar respirável dentro do submersível turístico desaparecido deverá terminar na manhã desta quinta-feira (22). As buscas ao submersível que transportava cinco pessoas em direção aos destroços do Titanic entraram no quinto dia. As equipes de resgate já exploraram extensivamente uma vasta área do Oceano Atlântico na tentativa de localizar o submarino, que desapareceu no domingo (18).
Segundo o portal g1, as especificações fornecidas pela empresa, o submersível possuía um suprimento de ar para 96 horas, o que indica que o oxigênio pode se esgotar na manhã desta quinta-feira. No entanto, especialistas afirmam que a disponibilidade de ar depende de diversos fatores, como a integridade do veículo e sua capacidade de gerar energia.
As operações de busca
A Guarda Costeira dos Estados Unidos está liderando uma operação multinacional de busca, com o apoio de Canadá e França. O Capitão Jamie Frederick, da Guarda Costeira dos EUA, expressou esperança durante a operação de busca e resgate.
Boias sonares estão sendo usadas para tentar localizar o dispositivo submerso. Aeronaves e embarcações estão realizando buscas na superfície do oceano na região, caso o submarino tenha emergido, mas perdido a comunicação.
Na tarde dessa quarta-feira, o Capitão Frederick mencionou que havia cinco "ativos" de superfície (termo usado para descrever navios ou aeronaves) e dois veículos operados remotamente procurando pelo submersível.
As equipes vasculharam uma área de mais de 26 mil quilômetros quadrados de mar aberto, equivalente aproximadamente ao tamanho do Líbano.
Frederick informou que mais "ativos" devem chegar nos próximos dias. Entre eles um navio de pesquisa francês equipado com um robô capaz de mergulhos em águas profundas, além de um sistema especializado de resgate capaz de içar objetos grandes, volumosos e pesados, como aeronaves ou pequenas embarcações do mar.
Recursos importantes
Cinco barcos, aos quais outros cinco deveriam unir-se nesta quinta-feira, equipados com sonares e tecnologia de ponta, estão varrendo uma área de 20.000 km², aproximadamente o tamanho do estado de Sergipe, e a uma profundidade de quase quatro quilômetros, enquanto aviões sobrevoam o local em busca de qualquer sinal do submersível.
O Pentágono anunciou o envio de um terceiro avião C-130 e de outros três C-17, enquanto um robô submarino, enviado pelo Instituto Oceanográfico francês, será incorporado às buscas nas próximas horas.
A Marinha Real do Canadá enviou um navio com câmara hiperbárica a bordo e especialistas com assistência médica, que se une a outra embarcação de serviço da Guarda Costeira equipado com instrumentos de sonar avançados.
A Horizon Maritime, empresa proprietária do Polar Prince, o barco que lançou o submersível, também está enviando outra embarcação com uma equipe de buscas em águas profundas.
Ruídos detectados
Na terça e quarta-feira, foram captados ruídos semelhantes a batidas em uma área onde as buscas estavam sendo conduzidas. O Capitão Frederick afirmou que as equipes ainda não sabem a origem desses sons, mas concentraram suas operações na região onde eles foram ouvidos.
As dificuldades da operação de resgate
As condições climáticas, a falta de luminosidade durante a noite, as condições do mar e a temperatura da água são fatores que afetam as operações de busca e resgate no oceano.
O resgate de pessoas debaixo d'água é ainda mais desafiador do que na superfície. Muitos veículos subaquáticos possuem dispositivos que emitem sinais sonoros para facilitar a detecção por equipes de resgate. No entanto, não se sabe ao certo se o submarino Titan, que está desaparecido, possui esse tipo de equipamento.
Se o Titan estiver no fundo do oceano, a pressão da coluna d'água a 3.800 metros de profundidade e a escuridão dificultarão bastante o resgate. Tim Maltin, especialista em Titanic, afirmou que é quase impossível realizar um resgate nessas condições.
Caso o Titan consiga retornar à superfície, será difícil localizá-lo em mar aberto, segundo especialistas. O submarino está hermeticamente fechado com parafusos do lado externo, o que impede que a tripulação consiga escapar.
Relembre o caso
No domingo (18), um submersível que levava cinco pessoas a bordo em direção aos destroços do navio Titanic — localizados a 3,8 mil metros de profundidade no fundo do Oceano Atlântico — perdeu contato com a superfície após duas horas de descida.
Naufragado em 1912, os destroços do Titanic estão localizados a 650 km da costa do Canadá. Os mergulhos exclusivos para visitar o histórico transatlântico custam US$ 250 mil (aproximadamente R$ 1,19 milhão). A expedição até as profundezas do mar foi estimada em oito dias, com uma opção de mergulho de oito horas até o espólio do navio.
Durante a expedição, a equipe documenta o que sobrou do Titanic com câmeras de alta definição, que são capazes de monitorar a deterioração da embarcação e seus detalhes.
Como a capacidade do submersível é de cinco pessoas, a tripulação é composta por um piloto, três clientes e um funcionário que a empresa chama de “especialista em conteúdo".
Perigo da expedição
Nos últimos dias foi revelado um relatório sobre as falhas de segurança na embarcação. David Lochridge, ex-diretor de operações marítimas da OceanGate Expeditions, a empresa fabricante, demitido por questionar a segurança do Titan, mencionou em uma ação judicial que o submersível é resultado de um "projeto experimental e não testado".
De acordo com Lochridge, uma parte do submersível foi concebida para resistir à pressão a 1.300 metros de profundidade, e não a 4 mil metros.
Tripulação
Um dos tripulantes do submersível é o bilionário e aviador britânico Hamish Harding. No domingo, ele escreveu em seu Instagram que estava orgulhoso de finalmente anunciar que participaria como especialista da Missão RMS Titanic, que desceria até os destroços do famoso navio.
"Devido ao pior inverno em Terra Nova em 40 anos, é provável que esta seja a primeira e única missão tripulada até o Titanic em 2023", diz trecho do post do britânico.
De acordo com a imprensa internacional também estavam a bordo o explorador francês Paul-Henry Nargeolet, o executivo da Oceangate Stockton Rush, o empresário britânico Shahzada Dawood e seu filho, Sulaiman Dawood.
Até o momento, as cinco pessoas que estavam na embarcação continuam desaparecidas e as buscas pelo Titan continuam.
O Titan
O veículo subaquático Titan, é uma embarcação da empresa privada OceanGate Expeditions. O dispositivo possui 6,5 metros de comprimento por 3 metros de largura, pesando mais de 10 toneladas. Feito de fibra de carbono e titânio, a embarcação é controlada por meio de um joystick semelhante a um controle de videogame. Com quatro propulsores, o veículo leva até cinco pessoas a uma velocidade de 3 nós (5,5 km/h).
Não sendo autônomo, como um submarino de grande porte, o Titan precisou ser transportado na superfície do mar por 643 km até a área de descida.