Ao longo das mais de duas horas de passeio que custavam US$ 250 mil por pessoa (R$ 1,2 milhão), a embarcação da empresa privada OceanGate Expeditions, que sumiu enquanto fazia uma excursão turística para visitar destroços do Titanic, contava com um sistema que previa diferenças de pressão e garantia um suporte de 96 horas de ar para os tripulantes.
Para entender melhor a operação do veículo subaquático Titan, é preciso saber que se trata de um submersível. Diferentemente dos já conhecidos submarinos, essas embarcações não operam de forma autônoma e precisam do controle de uma plataforma de apoio para funcionar. Enquanto o passeio acontece, o Titan conta com uma base que controla a ida e volta e evita turbulências na superfície, o que pode atrapalhar a operação.
O valor cobrado pelo ingresso do passeio, aliás, é justificado pela empresa com uma série de protocolos de segurança. Diferentemente de outras embarcações do mesmo tipo, a da agência americana seria capaz de prever e analisar diferenças de pressão que poderiam afetar o submersível a depender da profundidade.
O submarino tem três telas, apenas um botão, um banheiro improvisado e uma única vista direta para o oceano. O veículo é dirigido por meio de uma manete que lembra um controle de videogame.
Em um vídeo gravado para a rede de TV norte-americana CBS, Stockton Rush mostrou detalhes do interior do submarino Titan. Dentro do veículo, há três telas — uma com as informações da navegação, outra voltada para o sonar e uma tela maior, ao fundo, em que imagens são exibidas para os passageiros.
Rush explica que a embarcação é dirigida por meio de um aparelho que lembra uma manete de videogame. A tripulação leva peças sobressalentes caso o controle, embora feito num material resistente, apresente problemas no fundo do mar.
Em outro trecho do vídeo, ele explica um pouco dos bastidores da expedição, como o fato de uma estrutura de metal servir de banheiro para os passageiros, diante da única vista direta para o oceano.
— Este é o único toalete disponível durante o mergulho profundo. É o melhor lugar da casa, em que você pode olhar pela janela de visualização. Colocamos uma tela de privacidade, aumentamos a música, e faz sucesso — conta Rush.
Botão
A operação do Titan conta com apenas um botão, que muda de vermelho para verde quando é acionado, e vice-versa.
— O submarino é como se fosse um elevador — disse o CEO Rush numa entrevista de 2022. — Não exige muita habilidade para conduzi-lo — acrescentou.
Segundo a OceanGate, o sistema promove a detecção de alerta precoce para o piloto com tempo suficiente para interromper a descida e retornar com segurança à superfície. A agência de turismo detalha, ainda, o que seria o chamado sistema de amortecimento que permite um passeio supostamente seguro.
No site, eles garantem: "Uma vez submersa, a plataforma usa um sistema de amortecimento de movimento patenteado para permanecer acoplada à superfície e ainda fornecer uma plataforma subaquática estável".
A OceanGate diz que o Titan é o único submersível do mundo capaz de levar até cinco pessoas a profundidades de 4 mil metros. No entanto, embora a profundidade pareça levar tempo para ser alcançada, eles informam em seu site que o retorno de todo o sistema de segurança à superfície acontece em apenas dois minutos.
— Ao final de cada mergulho, o submersível chega à plataforma submersa e todo o sistema é trazido à superfície em aproximadamente dois minutos, enchendo os tanques com ar — explica.
Desaparecimento
O passeio para conhecer o que restou do Titanic começou a ser operado pela empresa em 2021. Em dois anos, não tinha havido um caso de desaparecimento como o desta segunda-feira (19), no Oceano Atlântico. No entanto, segundo o site de notícias GeekWire, a embarcação foi reformada para conseguir operar. Isso porque, depois de realizar alguns testes, a OceanGate teria determinado que o Titan não suportaria a pressão de um mergulho de 4 mil metros.
O submersível geralmente carrega um piloto, três clientes e um funcionário que a empresa chama de "especialista em conteúdo". Durante a visita aos destroços do Titanic, alguns guias explicam e realizam pesquisas no local.