No domingo (18), um submersível que leva cinco pessoas a bordo em direção aos destroços do navio Titanic — localizados a 3,8 mil metros de profundidade no fundo do Oceano Atlântico — perdeu contato com a superfície após duas horas de descida. Uma operação multinacional foi acionada para busca e resgate da tripulação, coordenada pela Guarda Costeira dos Estados Unidos e pelo governo canadense.
O que é o submersível
O submersível Titan tem 6,7 metros de comprimento e é feito com fibra de carbono e titânio. Ele pode chegar a 4 mil metros de profundidade e alcança a velocidade de 5,5 quilômetros por hora.
A embarcação foi construída pela OceanGate Expeditions. Em um vídeo gravado para a rede de TV norte-americana CBS, o CEO da companhia, Stockton Rush, mostra detalhes do interior da embarcação. É possível ver três telas — uma com as informações da navegação, outra voltada para o sonar e uma tela maior, ao fundo, em que imagens são exibidas para os passageiros.
Ainda no vídeo, Rush explica que o submarino é dirigido por meio de um aparelho que lembra o controle de um Xbox. Em outro trecho, ele conta que uma estrutura de metal serve de banheiro para os passageiros, diante da única vista direta para o oceano.
— Este é o único toalete disponível durante o mergulho profundo. É o melhor lugar da casa, em que você pode olhar pela janela de visualização. Colocamos uma tela de privacidade, aumentamos a música e faz sucesso — disse o CEO da empresa.
Quanto tempo os tripulantes podem ficar lá dentro?
A embarcação tem autonomia de 96 horas de oxigênio (quatro dias) para a lotação máxima, de cinco pessoas. John Mauger, contra-almirante da Guarda Costeira dos Estados Unidos, declarou à imprensa nesta segunda-feira (19) que acreditava que ainda restavam 70 horas antes que os desaparecidos ficassem sem oxigênio.
Em relato a BBC, o jornalista David Pogue, que conheceu o submarino no ano passado, contou que os passageiros ficam "selados" dentro da cápsula principal por vários parafusos que são colocados do lado de fora e precisam ser removidos por uma equipe externa.
— Não há backup, não há cápsula de escape. É chegar à superfície ou morrer — declarou Pogue à BBC.
O Titan também conta com sete mecanismos para que ele emerja. No entanto, esses recursos não funcionam no caso de ele ficar preso ou ocorrer vazamento, o que pode ter ocorrido neste domingo.
Como funciona o passeio?
Os mergulhos exclusivos custam US$ 250 mil (aproximadamente R$ 1,19 milhão). A expedição para os destroços do Titanic foi estimada em oito dias, com uma opção de mergulho de oito horas até o espólio do transatlântico.
Durante a expedição, a equipe documenta o que sobrou do Titanic com câmeras de alta definição, que são capazes de monitorar a deterioração da embarcação e seus detalhes.
Como a capacidade do submersível é de cinco pessoas, a tripulação é composta por um piloto, três clientes e um funcionário que a empresa chama de “especialista em conteúdo".
Quem estava a bordo?
Um dos tripulantes do submersível é o bilionário e aviador britânico Hamish Harding. No domingo, ele escreveu em seu Instagram que estava orgulhoso de finalmente anunciar que participaria como especialista da Missão RMS Titanic, que desceria até os destroços do famoso navio.
"Devido ao pior inverno em Terra Nova em 40 anos, é provável que esta seja a primeira e única missão tripulada até o Titanic em 2023", diz trecho do post do britânico.
De acordo com a imprensa internacional também estavam a bordo o explorador francês Paul-Henry Nargeolet, o executivo da Oceangate Stockton Rush, o empresário britânico Shahzada Dawood e seu filho, Sulaiman Dawood.
Até o momento, as cinco pessoas que estavam na embarcação continuam desaparecidas e as buscas pelo Titan continuam.
Os destroços do Titanic
O Titanic saiu do porto inglês de Southampton em 10 de abril de 1912 para sua viagem inaugural rumo a Nova York, mas afundou após colidir com um iceberg, cinco dias depois. Dos 2.224 passageiros e tripulantes, morreram quase 1,5 mil.
Os restos do transatlântico foram descobertos em 1985, a 650 quilômetros da costa canadense. Os destroços do navio se encontram a 4 mil metros de profundidade, em águas internacionais do oceano Atlântico. Desde então, a área é visitada por caçadores de tesouros e turistas.
*Produção: Filipe Pimentel