Arábia Saudita e Estados Unidos querem a continuidade das negociações entre os lados beligerantes no Sudão para um novo cessar-fogo "efetivo", afirmou neste domingo a diplomacia do reino do Golfo.
De acordo com a Arábia Saudita, os representantes do exército e dos paramilitares sudaneses ainda estão em Jidá, cidade onde as negociações estão oficialmente suspensas.
Os combates, que entram na oitava semana, continuam provocando muitos danos no Sudão, sobretudo em Cartun, a capital, e no estado ocidental de Darfur.
"Arábia Saudita e Estados Unidos querem a continuidade das negociações entre as duas delegações (sudanesas) para facilitar o envio de ajuda humanitária", afirmou o ministério saudita das Relações Exteriores em um comunicado.
Os países mediadores pediram um "novo cessar-fogo que seja aplicado de forma efetiva", pois as duas tréguas anteriores não foram respeitadas.
Na quarta-feira, o exército abandonou as negociações que deveriam permitir a criação de corredores seguros para civis e o envio de ajuda humanitária. Um dia depois, representantes dos Estados Unidos e da Arábia Saudita anunciaram a suspensão das conversações.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, visitará a Arábia Saudita de 6 a 8 de junho.
A guerra entre o exército, liderado pelo general Abdel Fattah al Burhan, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), comandados pelo general Mohamed Hamdan Daglo, provocaram mais de 1.800 mortes e o balanço de mais de 1,5 milhão de deslocados e refugiados.
A situação é ainda mais preocupante em Darfur, uma região que ainda se recupera de uma guerra violenta iniciada em 2003 entre o regime do ditador Omar al Bashir, deposto em 2019, e insurgentes de minorias étnicas.
O governador de Darfur do Oeste, Khamis Abakar, advertiu neste domingo que a região enfrenta uma "anarquia total".
"Homens armados dominaram tudo e a situação está completamente fora de controle", alertou.
O governador de Darfur, Mini Minawi, ex-líder rebelde, agora próximo ao exército, denunciou no Twitter os "saques" executados por grupos armados.
Também descreveu Darfur como uma "zona catastrófica" e pediu ajuda à comunidade internacional.
* AFP