Explosões, tiros de artilharia e combates na rua sacudiram nesta terça-feira (6) a capital do Sudão, Cartum, onde o Exército e os paramilitares estão há oito semanas lutando pelo poder, enquanto testemunhas denunciam a situação humanitária.
Os sudaneses afirmam que os paramilitares "bloqueiam a única ponte" e "impedem a utilização dos barcos" que os conectam ao restante de Cartum, na confluência do Nilo Azul e do Nilo Branco, na ilha de Tuti, centro da capital.
"É um cerco total e, se isso continuar, a comida vai ficar acabar nas lojas", diz preocupado Mohammed Yousuf, morador da ilha, em telefonema com a AFP.
Em Cartum, o exército liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhan enfrenta os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), do general Mohamed Hamdan Daglo, em combates "com todo o tipo de armas", de acordo com denúncias dos habitantes do sul da cidade.
Iniciado em 15 de abril, este conflito entre os dois generais rivais deixou 1.800 mortos, conforme a ONG ACLED - especializada em coletar informações nas zonas de conflito.
Mais de um milhão e meio de pessoas deixaram suas casas, deslocadas para o interior do Sudão, ou refugiadas nos países vizinhos, segundo a ONU.
"Estamos enfrentando uma crise humanitária grave que só vai piorar com o colapso da economia e do sistema de saúde", alertou a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFCR).
Existem "fundos suplementares para ajudar as pessoas com mais necessidades", declarou a Federação em um comunicado.
A ONU informa que, hoje, 25 milhões dos 45 milhões de sudaneses precisam de ajuda humanitária para sobreviver.
* AFP