O ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson anunciou, nesta sexta-feira (9), que renunciou ao cargo de deputado. Ele responsabilizou a comissão parlamentar que investiga o escândalo "Partygate", as festas em Downing Street celebradas em plena pandemia de covid-19, por sua decisão.
Johnson, 58 anos, informou que sua demissão tem efeito imediato, desencadeando uma eleição parcial que aumenta a pressão política sobre seu sucessor, Rishi Sunak, do Partido Conservador. Ele renunciou ao cargo de primeiro-ministro em 2022 em meio a uma série de escândalos, mas permaneceu como legislador no parlamento britânico.
Em nota, Johnson acusou os adversários de tentar expulsá-lo. "É muito triste deixar o parlamento - pelo menos por enquanto", disse ele, que relatou ter recebido uma carta da comissão parlamentar que deixava clara a determinação em "usar o processo contra mim para me expulsar do parlamento".
"Estou sendo forçado a sair por um pequeno punhado de pessoas, sem nenhuma evidência para apoiar suas afirmações e sem a aprovação nem mesmo dos membros do partido conservador, muito menos do eleitorado em geral", acrescentou. Ele disse estar "perplexo e chocado" com a situação.
Horas antes do anúncio de Johnson, uma de suas aliadas, a ex-ministra da Cultura Nadine Dorries, também renunciou com efeito imediato. O primeiro-ministro, Rishi Sunak, no poder desde outubro, deverá, portanto, enfrentar testes eleitorais que se anunciam difíceis.
Os conservadores estão em seu ponto mais baixo nas pesquisas após 13 anos no poder e tiveram importantes retrocessos em maio, durante as eleições locais celebradas na Inglaterra.
"Partygate"
Durante o período de restrições rigorosas por causa da covid-19 em 2020 e 2021, foram realizados encontros no jardim da residência oficial do governo, em Downing Street, nos quais convites foram enviados para mais de cem funcionários do gabinete de Johnson. Na época, visitas eram proibidas e encontros de duas pessoas só podiam ocorrer ao ar livre, com distanciamento de dois metros.
As imagens das festas foram divulgadas pela imprensa e revoltaram os britânicos. O caso ficou conhecido como "Partygate".
A polícia investigou 12 encontros. Na oportunidade, tanto Johnson quanto sua esposa, Carrie, acabaram multados. Esse foi um dos estopins para renúncia do cargo de primeiro-ministro britânico, em julho de 2022.
Em março, Johnson negou, perante a comissão, ter mentido ao parlamento quando disse que as normas contra a covid-19 haviam sido respeitadas durante as festas realizadas em seu gabinete durante os confinamentos.